JOÃO NÃO
FOI O AUTOR DO QUARTO EVANGELHO
ressureição de Lazaro |
Durante
anos li os mais importantes comentários que existem a respeito do Evangelho de
João. Até hoje,
honestamente falando, nenhum deles apresentou qualquer evidência interna de que
o Quarto Evangelho foi escrito por João.Os
maiores doutores em Teologia e Literatura, simplesmente usam o chamado
“argumento de autoridade”, para dizerem. “Não há sombra de dúvidas que o quarto
evangelho foi escrito pelo apóstolo João”.
Citam a
tradição oral e as deduções puramente lógicas e teológicas, mas se esquecem do
principal. O próprio texto bíblico.
Todos os
grandes estudiosos do grego sabem que o quarto Evangelho foi escrito em uma
linguagem muito erudita e escorreita, incompatível com a cultura de um simples
pescador como o era João.Existe um
consenso entre muitos estudiosos da BÍBLIA que o “discípulo amado” de Jesus
seria o apóstolo João.Muitos
deles afirmam ser João tal apóstolo, porque é como se ele usasse tal expressão
por motivo de modéstia.Analisando
mais detidamente o Quarto Evangelho, podemos inferir ser outro e não João, o
discípulo por quem Jesus demonstrava um amor tão especial.
No Quarto
Evangelho, Capítulo 11, versículos 3 e 5, lemos: “Mandaram-lhe, pois suas irmãs
dizer. Senhor, eis que está enfermo AQUELE QUE TU AMAS. Ora, Jesus AMAVA a
Marta, e a sua irmã e A LÁZARO”.
Eis,
pois, declarado, quem era o discípulo a quem Jesus amava. Lázaro.Não
existe qualquer evidência interna ou externa que nos impeça de acreditar que
Lázaro também estava assentado ao lado de Jesus durante a última Páscoa. A BÍBLIA
diz no Capítulo 12 do Quarto Evangelho que Jesus assentou-se à mesa com os
doze, mas silencia a respeito de quem mais estaria com ele.
Será que
os discípulos e irmãs que acompanhavam Jesus, inclusive ajudando o seu
ministério com seus próprios bens, deixariam de ser convidados para tão
importante acontecimento? No relato
desse evento, lemos.
“Ora um de seus discípulos, AQUELE A QUEM JESUS AMAVA,
estava reclinado no seio de Jesus”.
Observamos
que o evangelista não falou “apóstolo”, mas “discípulo”.
É claro
que, pelo contexto e por todas as evidências internas era Lázaro o discípulo a
quem Jesus amava de uma forma especial.Tenho
certeza que foi ele que se reclinou junto a Jesus e, sendo um confidente do
Senhor, perguntou. “Senhor, quem há de te trair?”
No Quarto
Evangelho 18.15 lemos. “E Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. E este
discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do sumo
sacerdote”.
João era
um simples pescador do Mar da Galiléia, enquanto Lázaro era aparentemente um
homem de grande importância, respeitado pelos judeus, conforme o Quarto
Evangelho 11.19,31,33,36,45.
“E muitos
dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca do seu irmão.
“Vendo
pois os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria
apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo. Vai ao sepulcro para
chorar ali.
“Disseram
pois os judeus. VEDE COMO O AMAVA!
“Muitos
pois dentre os judeus, que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele”.
Será que
era João o amigo do sumo sacerdote que permitiu a entrada de Pedro na própria
casa daquele, ficando no pátio? Um
simples pescador, seguidor de Jesus, tinha assim tal amizade com a suprema
autoridade do povo judeu? Não é
muito mais lógico inferir que o amigo do sumo sacerdote era alguém da sua
classe, alguém que, ao morrer, teve a visita deles, porque pertencia à alta
sociedade dos judeus?
Veja o
que diz a BÍBLIA sobre o conceito de que ele gozava.
“Muitos
dentre os judeus tinham vindo ter com Marta e Maria, para as consolar a
respeito de seu irmão”. (Quarto Evangelho 11.19).
É claro
que alguns dos principais sacerdotes posteriormente pensaram até em matar
Lázaro, mas só não o fizeram por causa do seu grande prestígio e amizade que
tinha com o sumo sacerdote. (Quarto Evangelho 12.10).
Quando
Jesus estava na cruz, encontramos outro relato que se refere ao discípulo “A
QUEM ELE AMAVA”. Leiamos-lo.
“Ora
Jesus, vendo ali sua mãe e que O DISCÍPULO A QUEM ELE AMAVA estava presente,
disse a sua mãe. Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo. Eis aí
tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”. (Quarto
Evangelho 19.26,27).
A quem
Jesus confiaria o cuidado de sua mãe? Confiaria a um apóstolo que recebeu a
incumbência de ir por todo o mundo, ou de ir a todas as nações, conforme os
relatos de Marcos e de Mateus, ou a um homem de vida sedentária como era
Lázaro, o qual tinha uma casa estabelecida em Betânia.
A quem
Jesus confiaria sua mãe? A João, que seria deportado para a ilha chamada
Patmos, onde ficaria em situação instável, ou a Lázaro que tinha uma situação
financeira estável? Se a
BÍBLIA diz claramente que os discípulos mais chegados de Jesus, os apóstolos,
fugiram, como João estaria ali perto da cruz?
Não é
muito mais evidente que quem estava perto da cruz era aquele que devia a vida a
Jesus duas vezes? No relato
da ressurreição, no Capítulo 20 do Quarto Evangelho, novamente encontramos a
referência ao “outro discípulo A QUEM JESUS AMAVA”. (v.2).
Pedro
entrou primeiro no sepulcro e ficou observando os lençóis e o lenço que tinha
estado sobre a cabeça de Jesus. Quando o
outro discípulo entrou, ele VIU E CREU (v.8). Por que? Quem mais estava tão
familiarizado com aquele portentoso milagre de ressurreição, a não ser o
próprio Lázaro, que fora ressuscitado também?
No final
do Quarto Evangelho, descobrimos algo que traz mais provas a respeito de Lázaro
ser o “discípulo amado” e não João. Vejamos.
“E Pedro,
voltando-se, viu que o seguia AQUELE DISCÍPULO A QUEM JESUS AMAVA e que na ceia
se recostara também sobre o seu peito, e que dissera. Senhor, quem é o traidor?
Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus. E quanto a este? Disse-lhe Jesus. Se eu
quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
“Divulgou-se
pois entre os irmãos este dito, que aquele discípulo NÃO HAVIA DE MORRER.”. (Quarto
Evangelho 21.20-23).
A
respeito de quem poderia ser divulgado tal dito de que não haveria de morrer? A
respeito de João, sem qualquer conotação especial para isto, ou a respeito de
Lázaro que havia morrido e que tinha sido RESSUSCITADO?!
Depois de
todas estas considerações, podemos ainda inferir algo mais tremendo ainda. O
evangelho de Marcos foi escrito por alguém que não pertencia ao chamado
“colégio apostólico”. O mesmo sucede com Lucas. O evangelho atribuído a João
não poderia ter tido o mesmo destino?
Em nenhum
lugar do evangelho é citado o nome do apóstolo João. Aliás, em nenhum versículo
do Evangelho de João encontramos o termo “apóstolo”. Não seria uma evidência de
que o escritor foi um discípulo daqueles que seguiam ao Mestre e não um dos
doze?
A única
evidência interna apresentada por doutos exegetas a respeito da autoria de João
é o versículo 24 do Capítulo 21. “Este é o discípulo que testifica destas
coisas”. Este quem?
Não
poderia e não existe toda a possibilidade de ter sido Lázaro o autor do quarto
Evangelho? É claro que sim. E que importância teria tal descoberta? Simples e
unicamente o desejo de conhecer cada vez mais e melhor o texto sagrado, nossa
única regra de fé e de prática. Agora,
aproveitando o mesmo tema, vamos ver mais dois casos de autoria.
Existe um
consenso entre os exegetas mais ortodoxos que o livro de Deuteronômio foi
escrito parte por Moisés, parte por alguém mais, provavelmente Josué, pois a
descrição da morte e sepultamento de Moisés não podia ter sido escrita por ele
mesmo.
No
primeiro versículo de Deuteronômio, porém, a idéia que parece mais aceitável é
que o livro foi todo escrito por outra pessoa, ou por outras pessoas, pois fica
muito claro e estabelecido que Moisés não escreveu qualquer palavra do livro.
Por quê?
Vejamos.
“São estas as palavras que Moisés falou a todo o Israel, DALÉM DO JORDÃO, no
deserto.”. (Deuteronômio 1.1).
A
expressão “dalém” dá a clara idéia de que a pessoa que a escreveu estava
“aquém” do Jordão.
Como
Moisés jamais atravessou o Jordão, pois Deus o proibira, o livro foi escrito
AQUÉM do Jordão a respeito de Moisés, que falara DALÉM do Jordão.
Ora, se a
pessoa está falando a respeito de alguém que está do lado de lá e nós sabemos
que ele jamais atravessou para o lado de cá, podemos estabelecer que o livro
foi escrito a respeito de Moisés e de seus discursos e não por ele próprio.
Outro
interessante caso de autoria está no Salmo 72.
Nas
Bíblias, Corrigida, Atualizada, Revisada e Contemporânea, no título do Salmo
lemos. “Salmo de Salomão”.
O Salmo
inteiro fala a respeito de eventos que realmente se assemelham a aspectos do
reinado do rei Salomão. No
hebraico, o que está escrito, é: “Referente a Salomão”.Está
certo. O Salmo refere-se a Salomão, porém foi escrito por Davi. E o que é
melhor, foi um salmo profético, semelhante a muitos outros.
Neste
caso, em lugar de ostentar o título “Salmo de Salomão”, deveria trazer como
epígrafe, “Salmo de Davi” ou, até mesmo, “Salmo de Davi, Referente a Salomão”.
E como
podemos deduzir isto?
É
simples. Basta ler o último versículo do Salmo 72 onde está escrito bem claro,
para quem quiser ler, sem cochilar, as seguintes palavras. “Findam aqui as
orações de Davi, filho de Jessé”.
Sobre o
Autor
Por:
Paulo de
Aragão Lins é pastor, escritor, jornalista, dramaturgo, poeta, teólogo,
filósofo, psicanalista, comendador e conferencista nacional e internacional.
Nasceu em 1942, em João Pessoa, Paraíba. Já escreveu alguns livros, quase todos
versando sobre a Bíblia.
Só ainda me é estranho o fato de Lázaro referir a si mesmo na terceira pessoa (João 11)
ResponderExcluirIsso não faz diferença, pois mesmo que fosse João ou outro, estaria se referindo a si mesmo em terceira pessoa. Existe alguns estudiosos que dizem que foi a comunidade do discípulo amado que escreveu o evangelho baseado em seu testemunho.
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