Atualmente o movimento tem ganhado força através da internet, onde dados falsos são facilmente espalhados, e pessoas adeptas a teorias de conspiração não se importam com fatos e dados, e na maioria das vezes não tem nem sequer o trabalho de pesquisar tais fontes. Um vídeo de um judeu chamado Dave cole que é ateu e revisionista, sempre surge no youtube, recentemente até em um comentário de um vídeo meu, mas o que a maioria não sabe é que o próprio Dave deixou de ser revisionista já há um bom tempo e segundo ele, depois de "ameaças" sofridas, mas, ele nunca conseguiu refutar as contra provas apresentadas em seu vídeo.
Esse mesmo Dave Cole que alega ser judeu apesar de ter se tornado ateu, se baseou nas alegações d eum livro de um pesquisador que elaborou um relatório questionando se era realmente possível o extermínio em massa em Aushwit. Esse relatório ficou conhecido como relatório Leuchter e é utilizado até hoje por negacionistas, ou, revisionistas como gostam de ser chamados. O que eles não mostram é o exagero no relatorio, não de número de vitimas, mas o exagero de mentiras apresentadas por Leuchter. Ele alega ser formado em bio Quimica mas é formado em história pela universidade do michigan, nunca estudou nada de Química. Toda sua formação acadêmica é falsa. O seu relatório inclusive gerou um processo no Canadá no qual ele não só perdeu feio, como teve de admitir algumas de suas mentiras. Os negacionistas inclusive nunca conseguiram provar na justiça suas alegações pois não se baseiam em fatos, mas em um profundo sentimento antissemita e em muitos deles, um sentimento de melhorar a imagem de Hitler. Isso foi tema inclusive de um filme, chamado Negação, baseado em fatos reais.
Eles omitem também que a maioria dos movimentos chamados "revisionistas" propagavam o nazismo em maior ou menor grau, e todos se baseavam em dados reconhecidamente falsos, como os protocolos dos sábios de Sião por exemplo.
NEGACIONISTAS DO HOLOCAUSTO
A negação do Holocausto e a minimização ou distorção dos fatos do Holocausto é uma forma de anti-semitismo.
As pessoas que negam o Holocausto ignoram as massivas evidências daquele evento histórico, e insistem em dizer que o Holocausto é um mito inventado pelas Tropas Aliadas, pela União Soviética, e pelos judeus para atingir seus objetivos específicos. De acordo com a lógica dos negacionistas, os países Aliados precisaram criar tal mito para justificar a sua ocupação da Alemanha em 1945, bem como a perseguição dos defensores do nazismo. Os negacionistas também afirmam que os judeus precisavam de obter vultosas somas de dinheiro, como restituição da Alemanha, para poder criar o Estado de Israel. Os negacionistas afirmam que existe um ampla conspiração que envolve os poderes vitoriosos na Segunda Guerra Mundial, os judeus e Israel, os quais propagam inverdades sobre o Holocausto para atingir seus próprios propósitos.
Os negacionistas afirmam que se eles puderem des-provar um fato do Holocausto, toda a história daquele fenômeno será desacreditada. Eles propositalmente ignoram as evidências apresentadas e utilizam argumentos que se propõem a negar o Holocausto em sua totalidade.
Segundo os revisionistas estas pessoas malvadas e centenas de milhares de outras estavam sendo é tratadas pelos nazistas para evitar contrairem doenças. |
Alguns negacionistas insistem em que, uma vez que não existe um simples documento assinado por Hitler dando ordens para a execução do Holocausto, ele é então uma mentira. Para tentar embasar tal tipo de argumento, eles rejeitam todas as evidências submetidas em Nurember [OBS: no Tribunal Militar Internacional, quando dos julgamentos dos crimes-de-guerra]. Eles denunciam como falsificações as intenções genocidas do estado nazista, assim como as milhares de ordens, memorandos, notas, e outros documentos que documentam o processo de destruição. Quando eles não conseguem sustentar os argumentos de que os documentos foram falsificados, eles alegam que a linguagem dos documentos foi deliberadamente mal interpretada. Mais ainda, alguns dos negacionistas insistem em que os Aliados torturaram os nazistas para que eles aceitassem testemunhar de forma negativa contra eles mesmos sobre sua participação nos processos de assassinatos em massa; dizem também que os judeus sobreviventes que apresentaram testemunhos sobre os crimes nazistas, mentiram por motivos torpes de interesse próprio.
Alguns negacionistas afirmam que aqueles judeus que morreram na Guerra, morreram de causas naturais ou então foram executados de forma legítima pelo estado nazista por haverem cometido crimes reais. Eles costumam afirmar que os judeus e os poderes Aliados deliberadamente aumentaram o número de judeus mortos na Guerra. Os historiadores que estudam o Holocausto, baseados em fontes históricas legítimas e disponíveis, além do uso de métodos demográficos, avaliam que entre 5.1 a 6 milhões [OBS: 6 milhões é o mais aceito] de judeus foram mortos na Guerra. Os negacionistas afirmam que, como o total é avaliado e não é exato, esta é a prova de que toda a história do Holocausto foi fabricada e que o número de mortes de judeus durante a Segunda Guerra foi grosseiramente amplificado.
Alguns negacionistas afirmam que os nazistas não utilizaram câmaras de gás para matar judeus, e negam a realidade dos centros de extermínio. Eles têm usualmente focado em Auschwitz e acreditam que se eles puderem desprovar que os nazistas utilizaram câmaras de gás para lá matar os judeus, toda a história do Holocausto sera desacreditada.
Negadores do Holocausto frequentemente tentam imitar as maneiras e práticas dos pesquisadores acadêmicos legítimos, de forma a enganar o público sobre a natureza dos seus objetivos. Eles costumam utilizar notas de pé-de-página com citações de outros negacionistas e materiais de pseudo-convenções com a participação de falsos especialistas.
A negação do Holocausto na Internet é um problema especial devido à facilidade e a velocidade com que tais informações são disseminadas. Nos EUA, onde a Primeira Emenda à Constituição assegura a liberdade de expressão, a negação do Holocausto ou a propaganda de material nazista ou anti-semita não é contra a lei. No entanto, muitos países europeus, tais como a Alemanha e a França, criminalizaram a negação do Holocausto e baniram de seus territórios as publicações nazistas e neo-nazistas. A Internet é atualmente a principal fonte do negacionismo, e tem sido a melhor maneira para se recrutar pessoas e obter recursos para as organizações dedicadas à negação do Holocausto. [OBS: no Brasil, em setembro de 2003, por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal condenou um editor e escritor
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A cronologia abaixo lista alguns dos principais eventos na evolução dos processos de negação do Holocausto.
1942-1944: Para ocultar as evidências da aniquilação dos judeus na Europa, os alemães e seus colaboradores destruíram provas de covas coletivas dos centros de extermínio de Belzec, Sobibor e Treblinka, bem como de milhares de locais de operações de fuzilamento em massa em territórios ocupados da Polônia e da União Soviética, e também na Sérvia (inclusive em Babi Yar), através de uma operação denominada Aktion 1005.
1943: Em um discurso proferido para generais das SS em Poznan, Heinrich Himmler, líder do Reich (Reichsführer) e das SS (Schutzstaffel, esquadrões de proteção), destacou que o assassinato em massa dos judeus europeus seria mantido em segredo e nunca deveria ser registrado.
1955: Willis Carto funda um influente grupo de extrema direita sediado em Washington, DC, que, por fim, fica conhecido como Liberty Lobby (Lobby da Liberdade). Conduzido por Carto até sua falência em 2001, o Lobby mencionado advoga um Estados Unidos “racialmente puro” e culpa os judeus pelos problemas enfrentados pelos EUA e pelo resto do mundo. O Liberty Lobby começou a publicar textos sobre a negação do Holocausto no ano de 1969.
1959: A publicação antissemita Cross and the Flag (A Cruz e a Bandeira), pelo pastor americano Gerald L. K. Smith, alega que seis milhões de judeus não foram mortos no Holocausto, mas sim que emigraram para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
1964: Paul Rassinier, comunista francês que fora internado pelos nazistas, publica The Drama of European Jewry (O Drama dos Judeus Europeus), no qual alega que as câmaras de gás foram invenção do “estabelecimento sionista”.
1966-67: Harry Elmer, historiador americano, publica artigos no periódico libertário Rampart Journal afirmando que os países Aliados exageraram a extensão das atrocidades nazistas para justificar uma guerra de agressão contra as forças do Eixo.
1969: A editora Noontide Press, uma subsidiária do Liberty Lobby, publica um livro entitulado The Myth of the Six Million (O Mito dos Seis Milhões).
1973: Austin J. App, professor de literatura inglesa da Universidade LaSalle, na Filadélfia, publica um panfleto entitulado The Six Million Swindle: Blackmailing the German People for Hard Marks with Fabricated Corpses (O Engodo dos Seis Milhões: Chantagem ao Povo Alemão por Marcas Físicas Fictícias em Cadáveres). O panfleto torna-se a base de futuras alegações de muitos que negam o Holocausto.
1976: Arthur R. Butz, professor de engenharia da Universidade de Northwestern, publica The Hoax of the Twentieth Century: The Case Against the Presumed Extermination of European Jewry (O Embuste do Século XX: Justificativa Contra o Suposto Extermínio de Judeus Europeus). Butz foi o primeiro negador do Holocausto a utilizar o pretexto do rigor acadêmico para esconder suas afirmações falsas. A Northwestern University respondeu declarando que as afirmações de Butz eram um “constrangimento” para a universidade.
1977: Ernst Zündel, um cidadão alemão, com residência no Canadá, cria a editora Samisdat Publishers e publica literatura neo-nazista que inclui a negação do Holocausto. Em 1985, o governo canadense processou Zündel por distribuir informações que ele sabia serem falsas.
1977: David Irving publicou o livro Hitler's War (A Guerra de Hitler), argumentando que Hitler não havia ordenado, e que sequer toleraria, uma política nazista de genocídio contra os judeus europeus. Para tal, Irving distorceu evidências históricas, além de tentar utilizar métodos acadêmicos para conferir legitimidade à sua tese.
1978: William David McCalden (também conhecido como Lewis Brandon) e Willis Carto fundam o Instituto de Revisão Histórica IHR, na Califórnia, que publica material e patrocina conferências negando o Holocausto. O IHR mascara suas mensagens racistas e de ódio sob o disfarce de investigação acadêmica válida.
1981: Um tribunal francês condena Robert Faurisson, um professor de literatura, por incitar ódio e discriminação ao chamar o Holocausto de “mentira histórica”.
1984: Em um caso histórico, um tribunal canadense condena o professor de uma escola pública, James Keegstra, por “promover deliberadamente o ódio contra um grupo identificável”, advogando a negação do Holocausto e outros pontos de vista anti-semitas a seus alunos de ciências sociais.
1986: Em 8 de julho, o parlamento israelense aprova uma lei criminalizando a negação do Holocausto.
1987: Bradley Smith, na Califórnia, funda o Comitê para o Debate Aberto sobre o Holocausto. No início da década de 1990, a organização de Smith publica anúncios de página inteira ou editoriais em mais de uma dúzia de jornais estudantis dos EUA, com a manchete “A história do Holocausto: o Quanto é Falso? Justificativa para um Debate Aberto”. A campanha de Smith ajuda a embaçar a linha que divide a promoção do ódio da liberdade de expressão.
1987: Jean Marie Le Pen, líder do partido francês de extrema direita Frente Nacional, sugere que as câmaras de gás foram apenas um “detalhe” da Segunda Guerra Mundial. Le Pen se candidata a presidente da França em 1988 e fica em quarto lugar.
1987: Ahmed Rami, um escritor marroquino-sueco, começa a transmitir na Rádio Islã, com sede na Suécia. A estação descreve o Holocausto como uma mentira judaico/sionista. Posteriormente, a Rádio Islã publicou “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, “Minha Luta”, além de outros textos anti-semitas em seu site.
1988: A pedido de Ernst Zündel, Fred Leuchter (um auto-declarado especialista em métodos de execução) viaja ao local do centro de extermínio de Auschwitz. Mais tarde, ele lança Leuchter Report: An Engineering Report on the Alleged Execution Gas Chambers at Auschwitz, Birkenau and Majdanek, Poland (Relatório Leuchter: um Relatório de Engenharia sobre as Supostas Câmaras de Gás em Auschwitz, Birkenau e Majdanek, Polônia), que, segundo os negadores do Holocausto, lança dúvida sobre o uso de câmaras de gás para assassinatos em massa.
Panfleto negacionista |
1990: O governo francês aprova a Lei Gayssot, segundo a qual questionar a escala de existência de crimes contra a humanidade (conforme definido na Carta de Londres de 1945) é um delito criminal. Esta lei foi o primeiro estatuto europeu a declarar ilegal a negação do Holocausto.
1989: David Duke, um partidário da supremacia branca, conquista uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de Louisiana. Duke comercializa textos sobre a negação do Holocausto através de seu escritório legislativo.
1990: No decorrer do processo criminal contra Fred Leuchter, movido pelo Estado de Massachusetts, descobre-se que ele nunca chegou a se graduar em engenharia. Leuchter admite não possuir formação em biologia, toxicologia ou química, disciplinas fundamentais às alegações feitas no “Relatório Leuchter” de 1988, normalmente citado para sustentar alegações dos negadores do Holocausto.
1990: Um tribunal sueco condena Ahmed Rami a seis meses de prisão por “discurso de ódio” e revoga a licença de transmissão da Rádio Islã por um ano.
1991: A Associação Histórica Americana, a mais antiga organização profissional de historiadores, emite uma declaração: “Nenhum historiador sério questiona a ocorrência do Holocausto”.
2000: Um tribunal britânico condena David Irving como um “negador ativo do Holocausto”. Irving havia processado Deborah Lipstadt, historiadora da Universidade de Emory, por calúnia e difamação após a publicação de seu livro de 1993, Denying the Holocaust The Growing Assault on Truth and Memory (Negação do Holocausto: a Crescente Agressão Contra a Verdade e a Memória).
2005: Em discurso transmitido ao vivo pela televisão em 14 de dezembro, o então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad chama o Holocausto de “mito”.
2006: O governo do Irã patrocina um encontro de negadores do Holocausto em Teerã, sob o pretexto de uma conferência acadêmica chamada “Revisão do Holocausto: Visão Global”.
2007: Em 26 de janeiro, as Nações Unidas adotam uma resolução condenando a negação do Holocausto. A Assembleia Geral da ONU declara que a negação é “equivalente à aprovação do genocídio em todas as suas formas”.
Mesmo com a ocultação dos nazistas, o holocausto tem um vasto material que o comprova desde fotos até vídeos |
2007: A União Europeia aprova a legislação que torna a negação do Holocausto um crime punível com prisão.
2009: O bispo católico Richard Williamson, nascido na Inglaterra, nega a existência das câmaras de gás e minimiza a extensão do extermínio durante o Holocausto. Após algum tempo, o Vaticano solicita que Williamson se retrate das declarações.
2010: em fevereiro, Bradley Smith publica o primeiro anúncio online sobre a negação do Holocausto, que aparece no site Badger Herald, da Universidade de Wisconsin. A Internet – devido à facilidade de acesso e disseminação, anonimato e pretensa autoridade – torna-se o principal canal da negação do Holocausto até o presente
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Professor do Instituto de História da UFRJ fala sobre um fenômeno político que aparentemente desafia a lógica e a racionalidade: a negação do holocausto.
Por Ricardo Figueiredo de Castro
Durante os anos 1930 e, especialmente, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o partido e o Estado nazistas empreenderam um processo de marginalização, perseguição e assassinato em massa de milhões de judeus alemães e europeus.
Esse processo contou com importantes recursos ideológicos e materiais para a sua realização. Em termos ideológicos, os nazistas utilizaram-se de um nacionalismo que unia numa síntese mística o racismo e a eugenia, e definia que apenas os indivíduos de origem “ariana” poderiam integrar a comunidade alemã.
Assim, todos aqueles que não cumpriam esses requisitos raciais foram excluídos e perderam a cidadania alemã. Por outro lado, utilizaram-se de todos os recursos materiais do Estado alemão para realizar o objetivo de resolver definitivamente o “problema judaico”, ou seja, eliminar os judeus da Europa, tais como centenas de campos de concentração e de extermínio, milhares de membros da burocracia e agentes policiais e militares do Estado alemão e da famigerada SS (Schutzstaffel), ferrovias, trens, combustível, bem como grandes recursos financeiros.
Assim, os nazistas colocaram em funcionamento uma gigantesca máquina de explorar, triturar e descartar seres humanos, seja através da morte lenta por fome, doenças e exaustão física, seja através da execução sumária por fuzilamento ou asfixia nas câmaras de gás nos campos de concentração/extermínio.
O auge deste processo aconteceu no período entre 1942 e no final da guerra (1945), durante o qual o genocídio foi realizado em escala industrial e com eficiência logística impressionante. Não devemos nos esquecer também que milhares de judeus, prisioneiros de guerra etc. foram usados como escravos em fábricas e obras públicas na Alemanha, produzindo vultosos lucros aos dirigentes da SS e às grandes empresas alemães, muitas das quais existem até hoje.
Os historiadores, sociólogos e outros especialistas acadêmicos vem pesquisando exaustivamente esse processo e têm divergências em vários pontos, tais como o número exato de vítimas (na casa de milhões de pessoas) e quanto à natureza da decisão do início do processo, isto é, se ele foi intencional (“intencionalistas”) ou se estava inserido na própria dinâmica do regime (“funcionalistas”). No entanto, nenhum pesquisador discute se o Holocausto existiu ou não.
Imagens raras e reais:
Apesar disso, desde poucos anos após a realização deste crime contra a humanidade, pessoas de diferentes nacionalidades vem se dedicando a resgatar a imagem de Hitler e da Alemanha nazista afirmando que o Holocausto não aconteceu e que este, na verdade, seria o produto de uma calúnia criada e disseminada pelos judeus que a usariam como estratégia para realizar seu objetivo de dominar o mundo.
O Negacionismo do Holocausto surgiu, portanto, logo após a Segunda Guerra Mundial, com os livros dos franceses Maurice Bardèche e de Paul Rassinier e do estadunidense Harry Elmer Barnes; e, a partir de 1978, ampliou sua audiência e passou a integrar o debate político tanto nos Estados Unidos quanto na França. Nos Estados Unidos foi então criado o Institute for Historical Review (IHR), uma instituição que, usando um nome que sugere ser uma respeitável instituição acadêmica de historiadores, se dedica sistematicamente a disseminar o ódio aos judeus (antissemitismo) e a teoria do complô judaico, através da negação do Holocausto. Ainda em 1978, na França, o professor de literatura Robert Faurisson passou a ocupar um cargo acadêmico na Universidade de Lyon 2 e então introduziu o tema do negacionismo no espaço universitário e na mídia francesa.
Assim, partir do final dos anos 1970, esse movimento político/ideológico ampliou-se para além de um pequeno círculo de leitores e simpatizantes do fascismo histórico. Nesse processo, confluíram vários fatores, tais como: a) uma crise econômica e social do capitalismo mundial; b) uma crise política e representativa dos partidos políticos tradicionais, tanto à direita quanto à esquerda; c) uma crise política das esquerdas tradicionais, ampliada pelo fim da URSS e do “socialismo real”; d) uma crise dos paradigmas da modernidade e da própria historiografia; e), sobretudo para o que nos interessa aqui, o surgimento de uma nova extrema-direita e o fortalecimento de um elemento ideológico tradicional no Ocidente, a teoria da conspiração (ou complô), como chave explicativa para se entender a sociedade, especialmente após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, ocorridos nos Estados Unidos. Além da confluência destes fatores surgiu então uma nova ferramenta de disseminação, coordenação e financiamento da extrema-direita e dos Negacionistas: a Internet.
O Negacionismo do Holocausto não é uma corrente historiográfica legítima que se dedique a pesquisar criticamente o Holocausto, mas sim um instrumento da ação ideológica de grupos políticos radicais, em sua grande maioria de extrema-direita. Concordamos, assim, com a já extensa historiografia que usa o termo “Negacionistas do Holocausto” para qualificar os autodenominados “Revisionistas do Holocausto”. Os ideólogos do Negacionismo do Holocausto negam ou minimizam os efeitos do Holocausto, e afirmam que o assassinato sistemático de milhões de judeus, ciganos, eslavos etc. é uma mentira criada e mantida pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial em estreita aliança com os judeus sionistas fundadores do Estado de Israel. O Negacionismo do Holocausto é, portanto, o outro lado da moeda do “complô judaico internacional” difundido desde o início do século XX pelo livro “O Protocolo dos Sábios de Sião”.
O complô judaico é, segundo Girardet (1987, p. 25-34), uma das três grandes narrativas do complô elaboradas entre o final do século XVIII e início do século XX, quando foi editado pela primeira vez o famigerado “Protocolo dos Sábios de Sião”. Esse livro, forjado pela polícia política do regime czarista, foi rapidamente incorporado como arma de propaganda antissoviética e antibolchevique nos anos 1920 e 1930. Os nacional-socialistas alemães transformam-no numa “prova irrefutável” de que os judeus são uma ameaça mundial ao mundo ocidental e a obra ainda hoje é reeditada em várias línguas e utilizada como uma espúria prova da existência de um suposto complô judaico internacional. Esse livro tornou-se, desde então, peça de propaganda do antissemitismo e, após a Segunda Guerra Mundial, também do antissionismo.
No Brasil, foi traduzido pelo ideólogo integralista Gustavo Barroso e editado nos anos 1930. No final do século XX, a Editora Revisão se dedicou a publicar no Brasil livros negacionistas e a fazer propaganda sistemática do assunto. Seu editor foi processado judicialmente e atualmente a editora não tem mais atividades legais em território brasileiro.
Alguns pesquisadores consideram que, a partir do final do século XX, as teorias conspiratórias (ou complôs) ganharam uma dimensão explicativa cada vez mais ampla, ou seja, os complôs passaram a explicar fenômenos de escala mundial, os chamados mega-complôs (TAGUIEFF, 2006) ou super-conspirações (BARKUN, 2003: 6). A crescente importância da cultura conspiracionista aumentou também a demanda por abordagens mistificadoras da história (pseudo-história)² que frequentemente estão a serviço de ideologias de extrema-direita¹.
O Negacionismo do Holocausto não é uma corrente historiográfica legítima que se dedique a pesquisar criticamente o Holocausto, mas sim um instrumento da ação ideológica de grupos políticos radicais, em sua grande maioria de extrema-direita.
Desse modo, a nova extrema-direita, a partir do final do século XX, atualiza essa perspectiva conspiracionista de sua visão de mundo ao articular sua filosofia da história maniqueísta com um típico exemplo de pseudo-história: o Negacionismo do Holocausto. O Negacionismo do Holocausto tornou-se um elemento fundamental para a manutenção das forças de atração que mantém unidos os diferentes grupos e famílias ideológicas da extrema-direita contemporânea e ajuda a definir sua identidade.³
Por mais que se publiquem artigos e livros que denunciam o caráter falso desse livro os crentes da conspiração judaica internacional se recusam a aceitar os argumentos listados pelos historiadores para denunciar a obra. Da mesma, e seguindo a lógica das teorias da conspiração, os defensores e seguidores do Negacionismo do Holocausto rejeitam qualquer análise proposta pelos historiadores profissionais, acusando-os, entre outras coisas, de estarem a serviço dos judeus. Certamente, isso se deve à lógica das teorias conspiratórias que têm quatro princípios básicos: “nada acontece por acidente”, “nada é o que parece”, “tudo está conectado” e “tudo o que acontece é o resultado de vontades ocultas e malignas” (BARKUN, 4 e TAGUIEFF, 57).
A forma como as teorias da conspiração entendem o mundo rejeita as análises críticas dos cientistas sociais (sociólogos, historiadores, cientistas políticos etc.), preferindo compreendê-lo como o palco da luta eterna entre as forças do bem contra as forças do mal. Os Negacionistas do Holocausto consideram-se, pois, soldados das forças do bem, denunciando o complô judaico para dominar o mundo que estaria sendo ocultado pela “grande mentira” (Holocausto) que, ao culpar os alemães do crime de genocídio etc., facilitaria a realização de seu próprio projeto (oculto) de dominação mundial.
A cultura conspiracionista está presente de forma arraigada na cultura de massas, através de diversos mitos urbanos, livros e filmes, tais como: o livro (2003) e o filme (2006) “O código da Vinci”, a série televisiva (1993 a 2002) e o filme (1998) “Arquivo X”, filmes como “Teoria da Conspiração” (Conspiracy Theory, 1997) e as teorias conspiratórias elaboradas para explicar o atentado ao World Trade Center etc. Essa disseminação certamente colabora para a utilização do conspiracionismo pela extrema-direita como uma estratégia de disseminação de sua mensagem política entre diferentes setores e classes sociais.
Concluindo, consideramos o Negacionismo do Holocausto é um tema que faz parte do horizonte político contemporâneo e certamente deve ser objeto da historiografia do Tempo Presente. Os historiadores comprometidos com uma historiografia atuante na defesa da democracia e dos direitos humanos não podem deixar de incorporar os temas da pseudo-história e das teorias conspiratórias às suas pesquisas e cursos.
fonte: artigo do professor UFRJ
Leituras Recomendadas
Evans, Richard J. Lying About Hitler: History, Holocaust, and the David Irving Trial. New York: Basic Books, 2001.
Gottfried, Ted. Deniers of the Holocaust: Who They Are, What They Do, Why They Do It. Brookfield, CT: Twenty-First Century Books, 2001.
Lipstadt, Deborah. Denying the Holocaust: The Growing Assault on Truth and Memory. New York: Free Press, 1993.
Shermer, Michael, and Alex Grobman. Denying History: Who Says the Holocaust Never Happened and Why Do They Say It? Berkeley: University of California Press, 2000.
Zimmerman, John C. Holocaust Denial: Demographics, Testimonies, and Ideologies. Lanham, MD: University Press of America, 2000.
Houve sim um holocausto. Os números são questionáveis, mas, se foram exterminados 6 milhões ou 2 milhões, o que é que muda no contexto geral? 2 milhões de pessoas, ou 500 mil, não são dados de um genocídio? Não dá pra negar. Aconteceu e ponto final.
ResponderExcluirNão há provas algumas sobre o Holocausto a única coisa que tem são testemunhas e imagens que pode haver vários contextos diferentes, e você em nenhum momento tentou refutar os argumentos dos revisionistas ou negacionistas só disse que era mentira, e também falou que o Autor do relatório de Leuchter não é formado, ah me poupe eu li todo aquele livro e o autor explica detalhe por detalhe como ele não vai ser formado?
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