quinta-feira, 25 de junho de 2020

O Batismo segundo a bíblia e história


O BATISMO SEGUNDO A BÍBLIA

O termo Batismo (βάπτισμα) significa literalmente imergir em águas. Aparece pela primeira vez no evangelho de Marcos (Mc 1:4) com João Batista batizando para remissão de pecados segundo a bíblia:

"Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados"
Marcos 1:4


A bíblia não é clara sobre a origem do batismo de João, mas o rito do batismo é bem anterior ao novo testamento.


O que dizem os especialistas

Em Ademar Faria Júnior (1968- ) e Cláudio Bueno da Silva (1952- ), autores da obra Algumas contradições Bíblicas, encontramos mais detalhes dessa história: "O batismo com a água tem origens remotas no seio de diferentes povos, mas coube à influência grega sobre as estruturas romanas e hebraicas a adoção do batismo do arrependimento utilizado por João Batista às margens do rio Jordão. Na Grécia Antiga, havia os Baptas, que eram os sacerdotes da deusa Cotito. Para se tornar um adorador da deusa, havia a necessidade de se apresentar no templo e, dentro da piscina baptismal, se arrepender de todos os erros cometidos até aquele momento. A partir daí, o indivíduo estava em condições de ser mergulhado na piscina e se apresentar como um novo adorador da deusa. O batismo, portanto, é uma cerimônia eminentemente pagã e que foi absorvida pelas religiões tradicionais. (FARIA JÚNIOR E SILVA, 2013, p. 69)

Cairbar Schutel (1868-1938), em O Batismo, assim relata:
Esta prática, que assinala períodos milenários, parece ter nascido na Grécia Antiga, logo após a constituição de uma seita que cultuava a Deusa da Torpeza, a quem denominavam Cotito e a quem os atenienses rendiam os seus louvores. Esta seita, constituída de sacerdotes que tinham recebido o nome de baptas,
porque se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebração das cerimônias, deixou saliente nas páginas da História esse ato como símbolo da purificação do Espírito. (SCHUTEL, 1986, p. 15).


Corroborando essa versão temos ainda o escritor Celso Martins (1942- ), que, em Nas Fronteiras da Ciência, afirma:
[…] Batizando as criaturas nas águas do Rio Jordão como símbolo da renovação espiritual de cada seguidor seu, João estava apenas lançando mão de um rito que remontava à Grécia antiga, pois o batismo é uma prática pagã que nos veio dos sacerdotes da deusa Cotito. Eles se banhavam antes de dedicar
suas oferendas à referida deusa da mitologia dos gregos. Como tais sacerdotes se chamavam baptas, daí surgiu a etimologia da palavra batismo, banho em água, no ritualismo de muitas seitas cristãs e também orientais. (MARTINS, 2001, p. 30, grifo do original).

Em Jesus e sua Doutrina, A. Leterre (1862-1936), por sua vez, nos diz ser outra a sua
origem:
Os antigos persas apresentavam o recém-nascido ao padre, perante o Sol, simbolizado pelo fogo. O padre pegava a criança e a colocava em uma bacia com água, a fim de lhe purificar a alma. Nessa ocasião o pai dava nome ao filho.[...]
A cerimônia do batismo, no verdadeiro sentido de banho expiatório, já havia, também, na Índia, milhares de anos antes de existir a Europa, tendo daí passado para o Egito. Na Índia eram as águas do Gange, consideradas sagradas, como ainda hoje, que possuíam esta propriedade purificadora, apesar de ser o
foco da cólera-morbo; do Gange passou-se para o hIndus, igualmente sagrado, de onde se propagou ao Nilo, do mesmo modo sagrado, para, finalmente, terminar no Jordão, onde João as empregava com o mesmo fim e como simples formalidade do seu rito. (LETERRE, 2004, p. 172-173, grifo do original).



Em Samuel Noah Kramer (1897-1990), vemos isso de forma mais clara:
Desde os dias do cativeiro em Babilônia, e daí em diante, o judaísmo apresenta um enxame de místicos religiosos com visões apocalípticas sobre o futuro do homem. Por meio desses visionários, diz o eminente
orientalista W. F. Albright, “elementos inumeráveis da fantasia pagã e até mitos inteiros entraram na literatura do judaísmo e do cristianismo”. Por exemplo, o rito do batismo – diz ele – remonta às religiões da Mesopotâmia, como também muitos dos elementos na história da vida de Cristo. Entre estes o
Dr. Albright inclui a sua concepção por uma virgem, o seu nascimento relacionado com os astros, e os temas da prisão, da morte, descida aos infernos, o desaparecimento por três dias e posterior ascensão aos céus. (KRAMER, 1983, p. 169,).
Foi por volta do ano 150 a.C., com a fundação da seita judaica dos essênios, que esse ritual de iniciação, passou a ser praticado na Palestina, conforme se lê em Russell N. Champlin (1933- ):

[…] Os manuscritos descobertos entre os Papiros do Mar Morto ilustram fartamente que os essênios (com quem João evidentemente se associou) eram uma seita que praticava o batismo, requerendo batismo
de arrependimento para os convertidos, além de praticarem outras abluções entre eles. Os hinos de Qumran falam de batismo de fogo, tais como um rio em chamas que engolfaria os “lançados fora”: e alguns bons intérpretes reputam esse batismo de fogo como algo que se refere ao juízo. Parece bem certo, porém, despeito do conhecimento de João sobre tais ideias, que ele usa da ideia como algo benéfico, que visava o remanescente arrependido e não os incrédulos. (CHAMPLIN, vol. 1, 2005a, p. 288, grifo nosso).
Sobre essa seita, explicam-nos Russell N. Champlin (1933- ) e J. M. Bentes: (1932- ):

ESSÊNIOS
Eles formavam uma ordem monástica judaica, que parece ter surgido no século II A.C. Eles eram exemplos de uma incomum grandeza moral e pureza espiritual (embora houvesse alguns abusos e distorções). Provavelmente foi a primeira sociedade humana a condenar a escravatura, tanto como princípio
quanto como uma prática. Era uma sociedade comunal, esotérica e extremamente ascética. Procurava lugares isolados a fim de ali viverem e porém em prática a sua fé. Uma das regiões escolhidas era aquela em redor do mar Morto. Alguns estudiosos têm associado um ramo dessa seita com os Manuscritos do Mar Morto. Os essênios eram uma das três principais seitas judaicas, as outras duas eram os fariseus e os saduceus. (CHAMPLIN e BENTES, vol. 2, 1995b, p. 522, grifo nosso). Completando suas explicações, informam-nos:

A Teologia dos Essênios
Grande parte do que os essênios acreditavam já foi descrita – nas seções anteriores – deste artigo. Afastando-se do judaísmo comum, eles rejeitavam a guerra (pois eram pacifistas); demonstravam uma veneração especial pelo sol, embora não saibamos dizer até que ponto isso os conduzia. Eram comunistas
religiosos. Proibiam juramentos. Se excluirmos essas coisas, contudo, suas crenças eram parecidas com as do judaísmo em geral. No entanto, eles eram um movimento restaurador exclusivista, que pensava que o antigo judaísmo apostatara, e que eles eram o verdadeiro Israel. Também é digno de menção o fato de que eles eram deterministas estritos. Eles criam na preexistência e imortalidade da alma, assumindo uma espécie de ponto de vista platônico-filônico sobre a alma. Também acreditavam na reencarnação. A alma, a princípio, habitava na pureza; mas então, ao unir-se com o corpo material, ficou aprisionada, e foi assim que a corrupção da alma teve início. Eles supunham que as almas boas iriam para a bem-aventurança, ao passo que as almas más seriam punidas eternamente. As influências religiosas a que estavam sujeitos, e que explicam em parte algumas de suas doutrinas e práticas, parecem ter vindo do judaísmo, especialmente do farisaísmo, do parseísmo, do paganismo sírio, do pitagoreanismo e do neoplatonismo.
Como uma seita distinta, os essênios desapareceram após a destruição de Jerusalém (ano 70 D.C.). Nunca são mencionados no Novo Testamento, embora haja alusões às suas crenças quanto ao celibato, aos juramentos e ao ascetismo. Ver Mat. 5:34ss, 19:11,12 e Col. 2:8,18,23. A referência na epístola aos Colossenses, porém, quase certamente é ao gnosticismo. (CHAMPLIN e BENTES, vol. 2, 1995b, p. 524, grifo nosso).Ao se afirmar que “suas crenças eram parecidas com as do judaísmo em geral”, não há como não pensar que “quem parece” não é; assim, não se poderia dizer que praticavam o judaísmo, embora, cressem nisso.

O estudioso Geza Vermes (1924- ), considerado um dos maiores especialistas dos
manuscritos do Mar Morto, assim explica esse ritual:

A primeira imagem do batismo, originalmente um rito judaico de imersão, aponta para a purificação, tanto física como espiritual. Era uma prática comum, geralmente repetível e repetida. Era prescrita para a purificação ritual de judeus, sacerdotes e levitas e leigos israelitas, a fim de que eles pudessem entrar no santuário de Jerusalém e participar no culto do Templo. Em um nível mais prático, o banho cerimonial combinava higiene com a purificação alegórica que se voltava contra formas de impureza. Era imposto para marcar o fim de certas doenças contagiosas, como enfermidades dermatológicas ou genitais designadas por termos genéricos como “lepra” e “corrimento”. Um banho ritual também restaurava o estado de pureza após contatos com um corpo morto, após relações sexuais para ambos os sexos, e após a menstruação e o parto para as mulheres.

Algumas formas específicas de batismo judeu só eram praticadas uma vez. Este é o caso do batismo de penitência pregado por João Batista, que visava eliminar a impureza do pecado e indicar a mudança na direção de uma via pia conducente ao Reino de Deus. Parece que os essênios de Qumrã submetiam-se a um banho ritual especial, dedicado à renovação espiritual durante a cerimônia de entrada no pacto sectário (1QS 5:12-14). Fiando-se num costume que provavelmente remontava ao primeiro século d.C., o judaísmo rabínico também obrigava homens e mulheres gentios que desejassem se converter ao judaísmo a passar pelo batismo prosélito, além da circuncisão no caso do homem. Entretanto, seja reiterado ou único, o batismo judeus sempre conservou o seu simbolismo primário de banho ou purificação pela água.
Em geral, Paulo não mostra interesse pelo ritual judaico e, se usa a noção de impureza, é sempre no sentido moral. Para ele, o batismo é dotado de um significado alegórico que nada tem a ver com banho. O tanque em que o batismo tinha lugar simboliza acima de tudo a tumba da qual Jesus levantou-se na Páscoa. Assim, quando os que passavam pela cerimônia de iniciação no mistério cristão eram imersos (isto é, enterrados) na água batismal, eles estavam abraçando alegoricamente a morte do Cristo ao juntar-se a ele em seu túmulo; e quando eram reerguidos, estavam reencenando e comungando misticamente com a ressurreição de Cristo. Dali em diante, eles lhe pertenciam. O drama é delineado por Paulo em poucas e pungentes palavras: “Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado detre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6:3-4) Reinterpretando deste modo a imagem original do rito batismal, Paulo ofereceu aos cristãos um meio para se apropriarem da virtude tanto da cruz como da ressurreição. Não é necessário dizer que, com a introdução generalizada da aspersão infantil em substituição à imersão na administração do sacramento, que originalmente era reservado
apenas aos adultos iniciados e realizado na Páscoa, o poderoso simbolismo paulino foi morto de vez. (VERMES, 2006a, p. 111-112, grifo nosso).

O Batismo na bíblia

Para análise e melhor entendimento desse assunto, podemos dividir os acontecimentos em dois períodos: o primeiro é relacionado aos que sucederam durante a vida de Jesus, enquanto que o segundo se refere aos ocorridos depois de sua morte. Isso é importante para separar o joio do trigo; mas, para tanto, devemos, primeiramente, questionar: Jesus batizou alguém? Orientou a seus discípulos a fazê-lo? Teriam sido eles batizados? Se Jesus falou de algum batismo, devemos procurar saber qual. Vejamos o que podemos encontrar no primeiro período dos acontecimentos.
Quanto a saber se Jesus batizou alguém, só no Evangelho de João é que vamos encontrar algo a esse respeito. Em determinado momento ele diz que sim, ou seja, que Jesus batizava; porém depois desmentiu e disse que não; mas quem batizava eram seus discípulos
(Jo 4,1-2).

"Depois disto foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles, e batizava"
João 3:22

"E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João (Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos),"
João 4:1,2

Em relação a seus discípulos é fato curioso, pois nenhum dos outros evangelistas afirmou isso; somente em João é que consta essa história, que mais parece ser “história” mesmo. Isso é incomum, pois não vemos, em momento algum, Jesus orientando a seus discípulos para que realizassem tal prática, o que podemos comprovar com o seguinte passo:

“Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade… Jesus enviou os Doze com estas recomendações: …‘Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça!…’” (Mt 10,1-8, ver tb Mc 3,14-15 e Lc 9,1-2).

Por outro lado, mesmo que seja verdadeira a hipótese dos discípulos de Jesus estarem batizando, isso não significa que praticavam o batismo em água, porquanto, o texto de João (Jo 4,1-1) não especifica qual tipo de ritual eles estariam adotando.

Vejamos que Paulo, o apóstolo dos gentios, percebe claramente essa diferença: “… Paulo… chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo. Tornou-lhes ele: Em que fostes batizados então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo respondeu: João administrou o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele havia de vir, isto é, em Jesus. Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam” (At 19,1-6).

Com isso fica claro que o batismo de João, ou seja, o de água, não tinha valor; caso contrário, Paulo teria deixado as coisas como estavam, uma vez que já haviam sido submetidos ao batismo de João e não teria ministrado o batismo em nome do Senhor Jesus, que fica claro ser pela imposição das mãos Em outra oportunidade Paulo disse enfático: “De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho…” (1Cor 1,17), do que podemos ver claramente que, na sua convicção, fundamentada na orientação de Cristo, o batismo não era importante para salvação de ninguém.

De outra feita, Jesus faz várias recomendações a setenta e dois discípulos (Lc 10,1) não estando, também, entre elas o batismo. Assim, observamos que Jesus, quando vivo, passou várias orientações aos discípulos, mas não há nenhuma relacionada ao batismo. Será que depois de morto teria mudado de ideia, uma vez que tal recomendação só aparece após este fato? É o que veremos agora. Entrando agora no segundo período, perguntamos: depois de sua morte, o que aconteceu? Encontramos no evangelho apenas duas passagens em que, supostamente, Jesus teria orientado o batismo. Falamos supostamente, pois demonstraremos que uma delas é interpolação grosseira e a outra um reconhecido acréscimo ao texto primitivo. Analisemos a primeira passagem em que aparecem as orientações de Jesus ressurreto aos discípulos (ver tb Mc 16,14-18):

Mt 28,16-20: “Os onze discípulos foram para a Galileia,… Então Jesus se aproximou, e falou: '… Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês…'”.

Essa passagem é o que, por último, encontramos em Mateus, fechando, vamos assim dizer, o seu evangelho; porém, é somente nele que se vê a recomendação de se batizar “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”; ou seja, em toda a Bíblia é o único passo que diz isso. Chama-nos a atenção o fato de que, naquela época, não se acreditava na Trindade, provando que isso é uma vergonhosa interpolação para justificar a reimplantação de práticas ritualistas pagãs, posteriormente à morte de Jesus. Agiram dessa forma para transparecer que era coisa comum no período em que Ele ainda vivia entre os discípulos.

“A mãe do Senhor e seus irmãos lhe disseram: “João Batista batiza pelo perdão dos pecados; vamos e sejamos batizados por ele.” Mas ele lhes respondeu: “De que forma eu pequei para que devesse ir e ser batizado por ele? A não ser que, talvez, o que eu acabei de dizer seja um pecado de ignorância.”

Fragmento do Evangelho do Hebreus, preservado por Jerônimo em Contra Pelágio, livro III, parágrafo 2.


Orígenes (185-254), considerado como um dos “Pais da Igreja”, que viveu na Antiguidade cristã. Na sua obra apologética intitulada Contra Celso (cerca de 248), ele, refutando as críticas deste filósofo pagão contra os cristãos, transcreve, em seu discurso, muitas passagens bíblicas, e, entre elas, cita Mt 28,19 com o seguinte teor:

“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (ORÍGENES, 2004, p. 154), o que atesta que a expressão “batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” foi mesmo um acréscimo posterior, para, certamente, com ele se justificar o dogma da Trindade.

Eusébio - O texto de Eusébio de Mt 28:19-20 antes de Niceia era o seguinte: “Ide e tornai todas as nações discípulas em meu nome, ensinando-as a observar tudo o que vos ordenei”. Parece que Eusébio encontrou essa forma do texto nos códices da famosa biblioteca cristã em Cesareia.75 Esse texto mais curto está completo e coerente.

Mas esse fato não passou despercebido pelos tradutores da Bíblia de Jerusalém, que o
minimizam dizendo:

"É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar “no nome de Jesus” (cf. At 1,5+; 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade. Quaisquer que tenham sido as variações nesse ponto, a realidade profunda permanece a mesma. O batismo une à pessoa de Jesus Salvador; ora, toda a sua obra salvífica procede do amor do Pai e se completa pela efusão do Espírito". (explicação para Mt 28,19, p. 1758,).

A segunda passagem, em que se supõe Jesus ter dito algo sobre o batismo, é essa:

Mc 16,14-16: “Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos… disse-lhes: ’Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado’"

Marcos termina abrutamente no versículo oito, portanto esse final é uma construção da igreja.  Vejamos a nota da bíblia de Jerusalém:

O trecho final de Mc (vv. 9-20) faz parte das Escrituras inspiradas; é tido como canônico. Isso não significa necessariamente que foi escrito por Mc. De fato, põe-se em dúvida que este trecho pertença à redação do
segundo evangelho. – As dificuldades começam na tradição manuscrita. Muitos mss, entre eles o do Vat. e o Sin., omitem o final atual… A tradição patrística dá também testemunho de certa hesitação. – Acrescentemos que, entre os vv. 8 e 9, existe, nessa narrativa, solução de continuidade. Além disso, é difícil admitir que o segundo evangelho, na sua primeira redação, terminasse bruscamente no v. 8. Donde a suposição de que o final primitivo desapareceu por alguma causa por nós desconhecida e de que o atual
fecho foi escrito para preencher a lacuna. Apresenta-se como um breve resumo das aparições do Cristo ressuscitado, cuja redação é sensivelmente diversa da que Marcos habitualmente usa, concreta e pitoresca. Contudo, o final que hoje possuímos era conhecido, já no séc. II por Taciano e santo Ireneu, e teve guarida na imensa maioria dos mss gregos e outros. Se não se pode provar ter sido Mc o seu autor, permanece o fato de que ele constitui, nas palavras de Swete, “uma autêntica relíquia da primeira geração cristã”. (Bíblia de Jerusalém, p. 1785,)

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