Dons
do Espírito Santo
Muitos têm confundido talento natural, ou capacidade inata, ou ainda um
grande desejo de realizar uma determinada tarefa, com dons do Espírito Santo.
Outros ainda buscam determinados, por dons do Espírito Santo, deixando de levar
em conta que quem os dá é o próprio Espírito Santo e de acordo com a Sua
vontade:
"Mas um só e o
mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um
como quer." (I Coríntios 12:11)
Os dons do Espírito Santo são algo distinto e específico, não vinculado
à vontade do homem:
"(7) Mas a graça
foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo... (11) E ele mesmo
deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; (13) Até que
todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo." (Efésios 4:7, 11-13)
É imperioso que tenhamos em nossas mentes uma clara noção do que vem a ser dom do Espírito Santo, qual sua função e necessidade e, portanto, sua ocasião.
O dom é assim, um talento potencializado pela ação do Espírito Santo, ou
uma capacidade concedida por Sua ação, utilizado para a edificação do corpo de
Cristo, para a obra do ministério, sendo dado a cada um dos crentes na
"medida do dom de Cristo", e de acordo com a Sua vontade. (v.11)
Há dons que nos parecem naturais, como os dons de ensino e pregação do
evangelho, e outros dons que são miraculosos, como curas e línguas. Mas, em nenhum
caso, mesmo no dos dons que nos pareçam naturais, estes devem ser confundidos
com talentos naturais, que são habilidades carnais para a execução de tarefas,
pois se assim procedermos teremos, como infelizmente temos visto com alguma
freqüência, pessoas que nada tem a ver com o Espírito Santo recebendo livre
acesso ao corpo de Cristo, causando enorme destruição, discórdia e divisão.
Devemos, portanto, tratar da questão dos dons com a mais absoluta
seriedade, e sempre discernindo os espíritos, isto, sempre provando o que nos é
apresentado, se vem ou não de Deus:
"Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (I João 4:1)
Não nos enganemos, devemos sim estar julgando todas as coisas:
"Não sabeis vós
que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta
vida?" (I Coríntios 6:2)
E devemos tirar do nosso meio tudo o que for impuro, tudo o que não
proceda de Deus. Pois toda ação da Igreja deve ser para que se apresente santa
e irrepreensível diante de Cristo. Nada menos.
Definindo
a palavra "língua" no contexto do Novo Testamento
Antes de qualquer estudo, é fundamental a definição dos termos, ou
palavras, que serão abordados, bem como um claro entendimento das
circunstâncias em que estes termos são utilizados e o seu significado dentro de
cada contexto específico. Assim, torna-se absoluta prioridade estudarmos o
termo "língua", ou o seu plural, "línguas", em cada uma de
suas ocorrências no Novo Testamento, tendo como base de estudo o seu
significado na língua original em que foi escrito o Novo Testamento: o grego
koiné. Existem algumas palavras gregas, no Novo Testamento, que foram
traduzidas para o português como "língua", vejamos:
- Língua
Hebraica (ebraisti - Hebraisti ou ebraikov - Hebraikos):
- João 5:2;
- b.Apocalipse 16:16.
- No léxico de Strong:
- em
Hebreu, ou seja, em Caudeu.
- Língua
Grega (ellhnikov - Hellenikos):
- No
léxico de Strong:
- grego
- Língua
Latina (rwmaikov - Rhomaikos):
- No
léxico de Strong:
- a
língua falada pelos Romanos.
- Língua
Licaônica (lukaonisti - Lukaonisti):
- No
léxico de Strong:
- na
fala ou língua da Licaônia.
- Língua
dobre (pessoa de duas palavras) (dilogov - dilogos):
- No
léxico de Strong:
- dizer
a mesma coisa duas vezes, repetição.
- língua
dupla, duplicidade de discurso, dizer uma coisa a uma pessoa e outra com
outra pessoa (com a intenção de enganar).
- Outra
língua (eteroglwssov - heteroglossos)
- No
léxico de Strong:
- alguém
que fala uma língua estrangeira.
- Língua
humana existente (dialektov - dialektos):
- No
léxico de Strong:
- conversação,
fala, discurso, linguagem.
- a
língua ou linguagem peculiar a qualquer povo.
- Parte
do corpo humano ou a linguagem de um povo (glwssa - glossa):
- Língua
humana existente: Atos 2:4, 11, 26; I Coríntios 13:1, 8; 14:26;
- Atributo
de nacionalidade (língua do país ou do povo): Apocalipse 5:9; 14:6;
- Ato
de falar: I Coríntios 14:9; I João 3:18; Tiago 1:26;
- Órgão
do corpo: Atos 2:26; Romanos 14:11; I Pedro 3:10; Apocalipse 16:10;
- Língua
humana existente, porém não conhecida pela audiência: I Coríntios 14:2, 4, 13, 14, 19, 27.
- No
léxico de Strong:
- A
língua, um membro do corpo, um órgão da fala.
- Uma
língua.
- A
linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de
outras nações.
- No
léxico de Liddell & Scott:
- Língua
- Laringe,
glote.
- Língua
como o órgão da fala, com a preposição "apo" = franqueza no
falar; verbalmente, oralmente; com "ouk apo" falar através de
argumentação;
- Orador
fluente.
- A
advocacia do fisco.
- Linguagem;
falar uma língua ou dialeto; dialeto;
- palavra
estrangeira ou obsoleta, que necessite de explicação. De onde vem a
palavra portuguesa "glossário";
- língua
falada por um povo em particular.
- qualquer
coisa que tenha o formato de língua. (Atos 2:3)
- em
música, a cana ou lingüeta de uma flauta;
- língua
de couro do sapato;
- língua
de terra, península;
- lingote
de metal (aço, ferro, ouro, etc.)
Neste ponto faz-se mister assinalar e destacar que em nenhum léxico ou
dicionário grego, quaisquer das palavras gregas, traduzidas para o português
como "línguas", têm o significado de um falar em êxtase ou falar uma
língua ou dialeto que não seja inteligível por um povo. Assim, das ocorrências
da palavra "língua" ou "línguas", no Novo Testamento,
podemos certamente afirmar que, quando esta palavra se refere a uma linguagem,
é sempre, invariavelmente, uma língua3 humana falada e entendida por algum
povo.
Também é importante registrar que a palavra portuguesa
"glossolalia" utilizada para representar a prática atual do
"falar em línguas", tão comum em meios pentecostais e neo pentecostais,
tem o seguinte significado conforme o dicionário Houaiss:
- Suposta
capacidade de falar línguas desconhecidas quando em transe religioso.
- Distúrbio
de linguagem observado em certos doentes mentais que creem inventar uma
linguagem nova.
Esta palavra vem de duas palavras gregas: glossa + lalia (glossa + lalia) que ao pé da letra significam "língua +
falar", e que em momento algum aparecem juntas no Novo Testamento.
A palavra (lalia) é encontrada no Novo Testamento em duas passagens:
"E, daí a pouco,
aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu
és deles, pois a tua fala te denuncia."
(Mateus 26:73)
"Mas ele o negou
outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram outra vez a Pedro:
Verdadeiramente tu és um deles, porque és também galileu, e tua fala é semelhante."
(Marcos 14:70)
E como pode ser observado nos versos acima, não há qualquer conjunção ou
combinação da palavra "lalia", em suas ocorrências no Novo
Testamento, com a palavra "glossa".
Existe, contudo, uma conjunção da palavra "glossa" que é
encontrada, por exemplo, em I Coríntios 14:2, conforme segue:
"Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens,
senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios." (I Coríntios
14:2)
"o gar lalwn glwssh ouk
anqrwpoiv lalei alla tw qew oudeiv gar akouei pneumati de lalei musthria" (I Coríntios
14:2 TR4)
lalew + glwssa (laleo + glossa) significa ao pé da
letra, "falar com uma língua". Esta conjunção apesar de próxima à
conjunção de "glossa" + "lalia", não tem a mesma conotação
que glossolalia, e não pode ser entendida como se fosse uma ocorrência desta
combinação de palavras. Ante estas constatações, podemos com segurança afirmar
que não há qualquer ocorrência, no Novo Testamento grego, de glossolalia.
Outro ponto importante a se ter em mente é que o Cristianismo não admite
"transe religioso" (prática comum em várias religiões pagãs), nossa
religião exige entendimento, clareza de raciocínio, discernimento, temperança
(moderação, autodomínio), conhecimento e firmeza.
Ocorrências
do falar em línguas
·
O falar em línguas ocorreu no Novo Testamento em 3 ocasiões:
o Na descida do
Espírito Santo no dia de Pentecostes: Atos 2:4
o Em Cesaréia na casa
de Cornélio: Atos 10:46
o Após a imposição de
mãos de Paulo sobre os 12 discípulos em Éfeso: Atos 19:6
Além disto o falar em línguas foi citado na primeira carta do apóstolo
Paulo aos Coríntios.
Não
ocorrência do falar em línguas
·
Em várias outras ocasiões especiais, não houve o falar em línguas, como
por exemplo:
o Quando Jesus soprou o
seu Espírito sobre os seus discípulos: João 20:21-22
o Na conversão do
Eunuco: Atos 8:35-39
o Na conversão de
Paulo: Atos 9:1-9
o Após Pedro e João
estarem perante o Sinédrio: Atos 4:31-33
o No Batismo de Lídia: Atos 16:13-15
o Na conversão do
carcereiro e sua casa: Atos 16:30-34
Instruções
para o uso do falar em línguas
·
O apóstolo Paulo demonstrou que o falar em línguas deve seguir regras
específicas e determinadas:
o É uma atividade
secundária, de importância menor e muitas vezes indesejável: I Coríntios 14:3 e 14:23
o Exige a necessidade
de intérprete: I Coríntios 14:27
o Caso não haja
intérprete, não deve haver o falar em línguas: I Coríntios 14:28
o Somente dois, quando
muito três podem falar em línguas: I Coríntios 14:27
o Somente um pode falar
por vez: I Coríntios 14:27 e 14:30
o Não deve haver
confusão: I Coríntios 14:33
o Tudo deve ser feito
com ordem e decência: I Coríntios 14:40
o As línguas não devem ser buscadas (Deus é quem
decide): I Coríntios 12:18
Sinais
e milagres
Os sinais e milagres sempre foram utilizados com funções específicas:
- Fazer
com que as pessoas cressem na Bíblia que ainda estava por ser escrita:
"Jesus, pois,
operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não
estão escritos neste livro. (31) Estes, porém, foram escritos para que creiais
que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome." (João 20:30-31 ACF1)
"Porque não
ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer
obedientes os gentios, por palavra e por obras; (19) Pelo poder dos sinais e
prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e
arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo."
(Romanos 15:18-19)
- Dar
credibilidade e reconhecimento aos que apregoavam a mensagem:
"Homens
israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus
entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de
vós, como vós mesmos bem sabeis;" (Atos 2:22)
"Rodearam-no,
pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu
és o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito,
e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de
mim." (João 10:24-25)
"Então a mulher
disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do
SENHOR na tua boca é verdade." (I Reis 17:24)
"Jesus, pois,
operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não
estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome." (João 20:30-31)
- Marcar
uma era de novas revelações para o povo de Deus, ou mudança na forma de
ação do Espírito Santo junto ao povo de Deus. (Babel, Dilúvio, Êxodo, o
Ministério de Jesus Cristo, Atos dos Apóstolos, Apocalipse, etc.)
É importante que
tenhamos em mente que os sinais de Deus ocorrem em determinado momento, para
validar Sua mensagem através de um mensageiro Seu, ou para cumprir um propósito
específico determinado pelo próprio Deus, e depois desaparecem quando não são
mais necessários. Podemos ver claramente este fato ao estudarmos a história de
Moisés, de Josué e de Elias. Num determinado momento, Moisés foi capaz de abrir
um caminho seco através das águas, de modo que o povo de Deus pôde passar a
seco pelo Mar Vermelho. De modo similar, Josué pôde abrir as águas do Jordão
para que o povo de Deus pudesse atravessá-lo a seco. Em nenhum outro momento o
sinal de criar separação de águas ocorreu. O profeta Elias pediu, e Deus fez
com que descesse fogo dos céus para queimar o holocausto:
"Sucedeu que, no
momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e
disse: O SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu
és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz
todas estas coisas. (37) Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo
conheça que tu és o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração. (38)
Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o
pó, e ainda lambeu a água que estava no rego." (I Reis 18:36-38)
Depois desta, não
houve mais nenhuma outra ocorrência de Deus enviando fogo dos céus para queimar
holocaustos.
Podemos também
observar o momento em que o Sol parou a pedido de Josué:
"Então Josué
falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mãos dos filhos de
Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeom, e tu, lua,
no vale de Ajalom. (13) E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se
vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois,
se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr, quase um dia inteiro. (14) E
não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o SENHOR
assim a voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel." (Josué
10:12-14)
A própria Palavra de
Deus nos apresenta o fato de ser esta, uma ocorrência única, que nunca mais
tornaria a se repetir.
Estes exemplos, e
tantos outros que podemos encontrar através das Escrituras Sagradas, nos
mostram de forma inequívoca que os sinais de Deus são isto mesmo, de Deus,
utilizados por Ele para fins específicos, em momentos específicos, de acordo
somente com Sua soberana vontade, e não pertencem ao homem, nunca pertenceram e
nunca pertencerão.
O
que é o falar línguas conforme a Palavra de Deus
O sinal de línguas
foi a capacidade sobrenatural de se falar um idioma estrangeiro sem prévio
estudo ou conhecimento deste, e o dom de línguas é a facilidade para se falar
vários idiomas diferentes.
Como vimos no estudo
das ocorrências da palavra "línguas" no Novo Testamento, a palavra de
Deus nos apresenta estes idiomas, sempre, como idiomas humanos existentes. Por
exemplo, quando da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, os
discípulos transmitiram a mensagem do evangelho nas línguas nativas daqueles
que os estavam ouvindo (Atos 2:1-11)
!
Paulo ao repreender
os coríntios sobre a necessidade de ordem no culto, disse que os indoutos,
aqueles sem estudo, não entenderiam os que estavam falando línguas (I Coríntios 14:16 e 23), demonstrando de modo inequívoco que, ao contrário, os
doutos, aqueles que tem erudição, poderiam entender, e portanto, os coríntios
estavam falando um idioma humano existente e inteligível (pelo menos para
aqueles que tivessem cultura suficiente para entendê-lo). Também em I Coríntios 14:21 Paulo, citando Isaías, especifica que "por outros lábios falarei a
este povo", descrição esta que também aponta diretamente para uma
linguagem humana existente.
Em I Coríntios 14:18,
Paulo afirma categoricamente que falava mais línguas que os coríntios. Ora,
Paulo falava hebraico, aramaico, grego, latim, e possivelmente ainda outras
línguas mais, como o copta. Mas, eram todas línguas humanas existentes...
Reforçando mais uma
vez segundo o testemunho da Palavra de Deus, o falar línguas ou é um sinal
sobrenatural de falar línguas ou dialetos humanos, existentes, sem que tenham
sido previamente estudados, ou como ocorreu na Igreja de Corinto, a capacidade
ou a facilidade para falar em várias línguas (diversidade de línguas).
O sinal miraculoso de
línguas ocorreu em 3 circunstâncias no livro de Atos
"Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas,
tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." (Atos 1:8
destaque acrescentado)
o Jerusalém - Atos 2:4 "E todos foram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o
Espírito Santo lhes concedia que falassem."
o Judéia e Samaria
(Cesaréia) - Atos 10:46 "Porque os ouviam falar línguas, e
magnificar a Deus."
o Confins da Terra
(Éfeso) - Atos 19:6 "E, impondo-lhes Paulo as mãos,
veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam."
O sinal miraculoso de
línguas sempre foi um sinal para os judeus que não criam primeiramente no
derramamento do Espírito Santo de Deus, e depois não criam que o derramamento
do Espírito Santo atingisse também aos gentios e não somente aos judeus.
O verso 45 de Atos 10
nos mostra este fato:
"E os fiéis que
eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de
que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios."
Assim, espantaram-se
os judeus, todos os que eram da circuncisão, quando gentios demonstraram os
mesmos sinais que os discípulos haviam demonstrado em Jerusalém!
Em Éfeso (Atos 19:3-20) grande foi a
disputa de Paulo para apresentar o Caminho aos judeus ali reunidos. E o falar
línguas dos discípulos que lá estavam mostrava a estes judeus que através de
"outros lábios" e de "outras línguas" Deus estava lhes
falando Sua mensagem:
"Está escrito na
lei: Por gente de outras línguas (outros idiomas), e por outros lábios, falarei a este povo; e
ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor." (I Coríntios 14:21)
Após estas três
ocorrências não há qualquer outra referência ao falar línguas como um sinal de
Deus para o seu povo. Surge, contudo, uma outra referência ao falar línguas no
Novo Testamento: durante o período de desordem que ocorreu na Igreja de
Corinto; Igreja esta que foi exortada pelo apóstolo Paulo a retornar à ordem e
à decência, quando de sua primeira carta a ela endereçada.
O
falar línguas em Corinto
É importante
estabelecermos alguns pontos antes de prosseguirmos nesta análise.
Primeiramente, quanto ao termo utilizado pelo apóstolo Paulo em sua carta
quando se referiu ao falar línguas. A palavra grega utilizada foi
"glossa" que, conforme já pudemos estudar, tem os seguintes
significados:
- A língua, um membro do
corpo, um órgão da fala.
- Uma língua.
2.1. A
linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de outras
nações.
Ou seja, a palavra
grega "glossa" no contexto em que foi utilizada pelo apóstolo Paulo
tem um único significado: "uma língua estrangeira", ou "uma
linguagem de um povo de outra nacionalidade".
Assim, fica
determinado que o que estava acontecendo em Corinto é o falar línguas
estrangeiras, línguas de outros povos distintos daqueles que lá habitavam.
Como exposto acima,
esta afirmação corrobora a declaração do apóstolo Paulo no verso 21 do capítulo
14:
"Está escrito na
lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e
ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor." (I Coríntios 14:21)
Bem como, também, o
fato de o apóstolo, um pouco antes em sua exortação àquela Igreja, ter afirmado
que falava mais línguas que todos os que lá estavam:
"Dou graças ao
meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos." (I Coríntios 14:18)
Há também o fato de
que doutos, ou seja, pessoas de grande cultura, poderiam entender o que diziam
os que falavam línguas, indicação assertiva de que eram faladas línguas
inteligíveis, ou seja, línguas estrangeiras, com as quais os doutos poderiam
ter familiaridade:
"Se, pois, toda a
igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos
ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?" (I Coríntios 14:23)
Estabelece-se assim,
de forma definitiva, que o falar línguas conforme ocorreu na Igreja em Corinto
e do qual o apóstolo Paulo trata em I Coríntios é o falar uma língua
estrangeira e humana. E esta é a característica do falar línguas conforme nos
apresenta a Palavra de Deus: Falar uma língua estrangeira! Seja diretamente por
ação divina (sem que houvesse prévio estudo), como foi descrito em Atos 2, seja
pelo dom, dado por Deus, de com facilidade se falar várias línguas, como
ocorreu com o apóstolo Paulo (I Coríntios 14:18).
Ainda como uma
confirmação adicional à conclusão acima, temos que Lucas ao escrever o livro de
Atos dos Apóstolos, estava com Paulo em seu exílio em Roma. Lucas, quase com
certeza, também esteve em Éfeso quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira
carta aos coríntios, já que desde Atos 16 Lucas se apresentou como estando ao
lado de Paulo em suas viagens. Mas, uma coisa é certa: Lucas tinha conhecimento
do conteúdo da carta de Paulo aos coríntiosantes de escrever o livro de Atos dos Apóstolos, uma vez que I Coríntios foi
escrita por volta de 56 d.C. e Atos somente foi escrito por volta de 61 ou 62
d.C. Este raciocínio foi apresentado aqui pelo fato de Lucas ter-se utilizado
em Atos dos Apóstolos da mesma palavra grega, e no mesmo contexto, que Paulo
utilizou em I Coríntios para indicar o falar línguas, "glossa":
"E todos foram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas (glossa),
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." (Atos 2:4)
E não havendo
distinção do termo grego utilizado para um caso ou para o outro, fica
estabelecido, também através deste raciocínio, que o falar línguas descrito em
I Coríntios tinha esta mesma natureza, ou seja, era o falar um idioma estrangeiro.
Frente a todas estas
evidências, fica definitivamente determinado que o falar línguas descrito pelos
textos em I Coríntios não é o falar uma língua "celestial", ou
"de anjos" (Veja o Apêndice A sobre este assunto), ou qualquer outra
manifestação extática2, mas sim o falar um idioma humano existente e
inteligível.
Propósito do dom de
línguas
O dom de línguas foi
dado com o propósito específico de ser um sinal (Marcos 16:17).
Esta interpretação é
confirmada por Paulo quando cita a Isaías em I Coríntios 14:21-22. A
passagem citada por Paulo é Isaías 28:11, onde o profeta está repreendendo os bêbados de
Efraim que não aceitaram a palavra do profeta, e por esta razão Isaías lhes
disse que Deus os faria ouvir através do falar do exército que estava por
invadi-los. E isto lhes seria por sinal. Este sinal, o falar línguas
estrangeiras, é sempre apresentado pela palavra de Deus como sendo para que
judeus incrédulos viessem a crer, tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Pode-se verificar que em todos os registros de ocorrência do dom miraculoso de
línguas (todas em Atos dos Apóstolos), a audiência era composta de judeus.
Já no caso específico
da Igreja em Corinto, deve-se lembrar que a natureza do falar línguas lá foi
diferente, não tendo a característica de milagre, mas sim, de um dom dado por
Deus para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo, como o
são todos os dons:
"E ele mesmo deu
uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;" (Efésios
4:11-12)
Mas, se o dom
miraculoso de línguas foi um sinal, foi um sinal do quê e para quem? Podemos
ver que foi um sinal de confirmação aos judeus da aceitação dos gentios no
plano de salvação (Atos 10:45-46; 11:15), isto
porque apesar de alguns judeus terem crido em Jesus, não criam na possibilidade
de gentios também o crerem, e este foi o propósito dos sinais relatados no
livro de Atos.
Despropósito
do dom de línguas
O dom de línguas,
como meio edificação pessoal, é um dos despropósitos sobre o objetivo deste
dom. Não há qualquer registro do uso privado do dom de línguas no Novo
Testamento. A referência do apóstolo Paulo ao fato daquele que fala em língua
desconhecida se edificar a si mesmo, e não à Igreja, é repreensão, declarada e
direta ao que assim procede, pois os dons são unicamente para a edificação do Corpo
como um todo, e não para uso individual:
"Assim também
vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da
igreja." (I Coríntios 14:12)
"Aquele que
desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as
coisas. (11) E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo;" (Efésios 4:10-12)
A edificação pessoal
procede da edificação do corpo, uma vez que cada indivíduo é parte do corpo, ao
se edificar o corpo edifica-se juntamente cada um de seus membros componentes.
Outro despropósito
observado é o de se alegar que o milagre do falar línguas se deu como meio de
facilitar a pregação do evangelho. Em nenhum momento isto foi aventado no Novo
Testamento. Ao contrário, após sua ocorrência, os judeus ficaram atônitos com o
sinal de línguas! Estes homens eram pelo menos bilíngües, pois entenderam a
pregação antes do dom de línguas se
manifestar, ou seja, antes de ouvirem os discípulos falarem em sua língua
natal. Sendo assim, caso o sinal de línguas, conforme vemos em Atos dos
Apóstolos, fosse para ser utilizado com o propósito de pregação, teria sido
mantido intacto durante toda a existência da Igreja, se tornando lugar comum
até nossos dias, e todos os salvos em Cristo poderiam falar qualquer língua
(humana e existente) para a qual houvesse audiência presente.
Isto não quer dizer
que tal milagre não possa ocorrer, ao contrário, Deus é soberano e faz como lhe
apraz. Mas, ocorrendo o milagre, será exatamente isto: um milagre de Deus, e
não lugar comum, ou qualquer tipo de atestado desta ou daquela condição na vida
daquele que se coloca como instrumento para que Deus, através dele, execute o
milagre. Deus faz milagres quando quer e através de quem quer. Deus é soberano,
Deus é Senhor!
Cessação
do sinal de línguas?
Podemos afirmar com segurança que enquanto um sinal para judeus
incrédulos (primeiro atestando a ação direta do Espírito Santo sobre os
próprios judeus, e depois atestando que a ação do Espírito Santo não estava
restrita somente a judeus, mas que atingia também aos gentios), o sinal
miraculoso de línguas desapareceu no primeiro século.
"O amor nunca
falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desa-parecerá; (9)
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; (10) Mas, quando vier o que é
perfeito,
então o que o é em parte será aniquilado." (I Coríntios 13:8-10) [destaque
em negrito acrescentado para ênfase]
Alguns afirmam que esta passagem não pode ser utilizada como base para
afirmar-se que o sinal de línguas cessaria em algum momento próximo. Não há
pleno consenso quanto a isto, e há argumentos vários em ambas as direções. Mas,
independentemente da disputa teológica que se trava em torno desta passagem,
ela nos informa, sim, de que o sinal de línguas cessou, pelo menos enquanto
milagre de Deus para validação da mensagem bíblica.
Como vimos os sinais de Deus tem funções específicas, e o sinal de
línguas teve a função de validar a mensagem dos apóstolos de Jesus Cristo. E
isto foi necessário até que se completasse o cânon bíblico, o que ocorreu entre
o final do primeiro século e o início do segundo. Neste ponto veio o que é
perfeito (I Coríntios 13:9-10), ou seja, a palavra de Deus,
inerrante, infalível, dispensando qualquer sinal posterior de validação do seu
conteúdo além do milagre de sua própria inerrância e de sua miraculosa
preservação pela mão de Deus.
Há aqueles que querem dizer que "o que é perfeito" refere-se a
Jesus Cristo, e que esta passagem fala sobre o segundo advento de nosso Senhor.
Mas, nos aprofundando no texto grego, vemos que:
"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em
parte será aniquilado." (I Coríntios 13:10 ACF1)
"otan de elqh to teleion tote
to ek merouv katarghqhsetai" (I Coríntios 13:10 TR2)
A construção em grego é neutra, o que descarta a possibilidade de estar
tratando de alguém, não é, assim, uma referência a Jesus, nem, como querem
alguns outros, ao Espírito Santo, esta construção trata de algo, de um objeto,
e não de alguém. Não há outro entendimento possível senão o de que este texto
está tratando da palavra de Deus, que ainda estava, à época em que este texto
foi escrito, sendo confeccionada.
Na carta aos Hebreus temos:
"Como escaparemos
nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser
anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; testificando
também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do
Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?" (Hebreus 2:3-4)
Esta passagem indica claramente que:
- O
anuncio da salvação foi confirmado pelos que o ouviram sendo anunciada
pelo Senhor.
- Os
que ouviram testificaram através de sinais, milagres, várias maravilhas e
dons do Espírito Santo.
Assim temos que estes dons miraculosos, incluindo aí o sinal de línguas,
foram sinais utilizados para autenticar a revelação do evangelho, até que fosse
completado o cânon do Novo Testamento, tornando-se, após isto, desnecessários
uma vez que já estava ratificada a palavra de Deus junto à Igreja de Cristo.
Este fato pode ser visto por haverem traduções feitas já em 150 d.C. que
possuíam cânon idêntico ao que hoje encontramos em nossas Bíblias.
Temos assim, através da análise de todas as passagens bíblicas
relevantes, que o sinal de línguas foi um acontecimento específico, em um
momento específico, com uma finalidade específica; tendo sido extinto por
completo após sua ocorrência em Atos 19:6.
Não devemos, contudo, estar aqui descrentes quanto ao poder de Deus em
executar milagres! Deus é infinito em poder, Deus não está limitado a nada, e
pode fazer, como tem feito, milagres em qualquer época, e por qualquer meio que
lhe aprouver, de acordo apenas com Sua soberana vontade; E a nós, criaturas
suas, cabe aceitar qual seja o Seu supremo desígnio.
Como exemplo, seria importante citar que há testemunhos da ocorrência de
um outro tipo de sinal de línguas, com finalidade distinta da que foi
registrada em Atos. Relatam estes testemunhos que em determinadas situações no
campo missionário Deus proveu um entendimento miraculoso por parte da audiência
do que um pregador falava em uma língua não conhecida por esta.
Este sinal não desrespeita o que já vimos sobre os sinais de Deus, já
que tem a função de fazer com que pessoas creiam na Bíblia, em momentos em que
não há outro meio de propagação da mensagem. Como um exemplo disto, temos o que
foi relatado por marinheiros russos, ainda durante o período da cortina de
ferro, quando era extremamente difícil o acesso às pessoas por trás da cortina
comunista. Estes marinheiros ouviram um pastor batista brasileiro pregando em
inglês, em determinado porto dos EUA, onde atracaram seu navio, mas entenderam
o que estava sendo pregado como se estivesse sendo falado em russo, ou seja, o
pastor pregava em inglês e os marinheiros ouviam em russo! Milagre de Deus, com
propósito divino: Estes três marinheiros se converteram a Jesus Cristo e se
tornaram líderes de Igrejas na Rússia.
O
dom permanece
Já o dom de falar várias línguas (diversidade de línguas, existentes e
inteligíveis, como relatado em I Coríntios) é algo que acompanha algumas pessoas
até os dias de hoje, assim como também ocorre com o dom da palavra ou com o dom
do ensino ou ainda com o dom de repartir liberalmente o que se tem. Entretanto,
mesmo tendo isto em mente, vemos que existem várias passagens, relatando dons
espirituais, que foram escritas após 56 d.C., onde o dom de línguas não é
mencionado. Vejamos:
"De modo que,
tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela
segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte,
faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria." (Romanos 12:6-8)
"Cada um
administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se
alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo
Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para
todo o sempre. Amém." (I Pedro 4:11)
I Coríntios foi escrita enquanto Paulo planejava mudar-se para Éfeso (I
Coríntios 16:8), indicando que o ano era então 56 d.C.
A epístola aos Romanos foi escrita por Paulo em 57 d.C., durante sua
permanência de três meses na Grécia (Atos 20:1-3),
especificamente em Corinto. Lá Paulo residia com Gaio (Romanos
16:23 e I
Coríntios 1:14) e Erasto era o procurador da cidade de Corinto (Romanos
16:23). Especial atenção deve ser dada ao fato desta carta ter sido
escrita em Corinto e de não haver nela qualquer menção ao dom de línguas! A
inferência direta disto é a de que a Igreja já havia sido exortada e corrigida
quanto ao uso indevido e desordenado deste dom!
Já I Pedro foi escrita, provavelmente, pouco antes de se iniciar a
perseguição de Nero aos Cristãos em 64 d.C.
Estes fatos nos sugerem que, através do ensinamento do apóstolo Paulo o
dom de línguas foi colocado como sendo secundário no seio da Igreja, a qual deu
preferência à profecia e ao ensino:
"E eu quero que
todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que
profetiza é maior do que o que fala em línguas..." (I Coríntios 14:5)
E, sendo assim, não haveria mais a pratica deste dom na Igreja, pelo
menos não como algo comum. Podemos, entretanto, vê-lo ainda hoje em ação
quando, por exemplo, há alguém que tenha a facilidade de aprender línguas, como
o italiano ou seus diversos dialetos, e pregar em italiano, ou aprender alemão,
e pregar em alemão, e que se disponha a assim agir para glória de Deus e
edificação do corpo de Cristo.
O
falar em línguas "moderno"
Várias denominações consideram que o falar em línguas descrito pela
palavra de Deus , é um falar extático, ou seja, algo que ocorre sem que a
pessoa tenha pleno controle do que acontece consigo mesma, ocorrendo em uma
espécie de transe. Mas, como já vimos, uma das características do Cristão é o
autodomínio, se algo acontece que tira a pessoa do seu estado de sobriedade, de
autocontrole, de consciência dos eventos à sua volta, não pode ser atribuído ao
Espírito Santo, mas, a outros fatores externos que estão afetando o pleno
domínio das faculdades desta pessoa. Na Bíblia em várias ocasiões somos
exortados a sermos sóbrios:
"Mas nós, que
somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo
por capacete a esperança da salvação;" (I Tessalonicenses 5:8 ACF1)
"Portanto,
cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente
na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo;" (I Pedro 1:13)
A palavra sóbrio tem o seguinte significado:
- moderado,
contido no comer e no beber ;
1.1 não amante ou
dependente de bebidas alcoólicas;
- que
não se encontra sob o efeito de bebida alcoólica; não intoxicado por
álcool;
- marcado
por temperança, equilíbrio, moderação e/ou seriedade; contido nas emoções
e caprichos;
- despojado
de exibições de poder, cultura, inteligência; de caráter ou comportamento
sereno, discreto, recatado;
- destituído
de floreios e ornamentos desnecessários.
Atentando para os significados 3 e 4, vemos que há total
incompatibilidade entre a ordem bíblica de ser sóbrio e as ações que privam a
pessoa de seu autodomínio, de seu controle pessoal. Não há como estar em transe
e ser fiel à palavra de Deus ao mesmo tempo, são ações mutuamente excludentes.
Revendo os testemunhos daqueles que apresentam o "dom", vemos
que alguns relatam este transe como "flutuar", outros como
"estar fora do seu corpo", outros ainda como "estando dominados
por um poder superior", e outros como tendo sido possuídos "pelo
Espírito Santo", além de vários outros eventos que sempre ocorrem de modo
concomitante à ação da glossolalia.
Apenas este testemunho já seria suficiente para descaracterizar a
glossolalia como uma obra do Espírito Santo de Deus, mas, continuemos no
estudo.
Os que praticam o falar em êxtase afirmam que este falar não se dá em
uma linguagem humana existente e inteligível (por exemplo, em alemão, ou em
japonês, ou em tupi-guarani), mas, afirmam ser esta uma espécie de linguagem
"divina" ou "de anjos", a qual tem na maior parte das vezes
um máximo de 10 vocábulos, combinados de umas 20 formas diferentes.
Isto, na verdade, está muito longe de poder ser considerado como uma
língua, um dialeto, ou qualquer coisa que se assemelhe à comunicação. Só para
se ter uma idéia comparativa, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa traz
mais de 228.000 verbetes (palavras), e a conjugação de 15.000 verbos. Isto
mesmo só de verbos existem mais de 15.000 (quinze mil) relatados por este
dicionário! A língua inglesa arcaica (como era falada por Shakespeare) tinha
mais de 50.000 palavras diferentes, e no Novo Testamento foram utilizadas nada
menos que 5.624 palavras diferentes em grego. Não há como se considerar um
conjunto de 10 ou 20 ou, mesmo que fossem, 100 vocábulos diferentes como sendo
uma língua. Simplesmente não é possível se estabelecer qualquer nível de
comunicação lingüística com tão poucas palavras.
Para que tenhamos uma idéia ainda mais clara, somente neste estudo que
ora fazemos há em torno de 10.000 palavras, sendo mais de 2.600 palavras
diferentes!
É importante que tenhamos em mente que o falar línguas extático, é
prática pagã, e existe em praticamente todas as religiões e seitas, do
espiritismo ao islamismo, do mormonismo à umbanda.
Todas estas religiões, ou práticas religiosas, alegam possuir o
"dom" espiritual de falar línguas estranhas. E muitas, mesmo estando
afastadas de Cristo e do Seu Santo Espírito, como o caso dos Mórmons ou dos
carismáticos Católicos, alegam possuir o "dom" através de ação do
Espírito Santo de Deus. Mais aterrador ainda, é ver um terrorista, com fuzil em
punho e máscara sobre o rosto, "falando línguas" (glossolalia), pouco
antes de explodir-se em uma lanchonete cheia de crianças.
Hoje, muitos têm perdido a noção de que nem tudo que é espiritual provém
de Deus, e que muitas manifestações espirituais, mesmo que assim pareçam, não
procedem de Deus, vejamos novamente a advertência que nos faz o apóstolo João:
"Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (I João 4:1)
Pequeno
Histórico
O falar em línguas extático não se iniciou com Cristãos, na verdade é
uma prática muito mais antiga. A primeira referência histórica que se tem de
uma fala religiosa frenética remonta a 1.100 a.C. através do relato de Wenamon,
onde um jovem adorador do deus Amon, após ter oferecido sacrifícios ao seu
deus, foi possesso por ele e iniciou a falar freneticamente. Esta ação, segundo
este relato, durou toda uma noite.
Platão demonstrou conhecer o falar em línguas extático ao descrevê-lo em
vários de seus diálogos. No Phaedrus ele tratou de famílias que estavam
participando de santas orações, ritos e pronunciamentos inspirados. Os
participantes eram indivíduos que ao serem possessos perdiam o juízo (perdiam o
controle das faculdades mentais, porém não ocorria enlouquecimento). A
participação nestes eventos segundo o relato de Platão chegava a produzir a
cura física de doenças nos adoradores. A essa "loucura" religiosa ele
chamou de dádiva divina. Também afirmava que a profetiza de Delphos e a
sacerdotisa de Dodona, quando fora de si, podiam exercer grande influência
benéfica sobre certos indivíduos, porém quase nenhuma quando em domínio de suas
faculdades mentais. Relatou fatos semelhantes no Ion e no Timaeus. Neste
último, relata que quando um homem recebe a palavra inspirada, sua inteligência
é dominada ou possessa, e essa pessoa passa a não poder se lembrar do que
falou, sendo que estas falas são muitas vezes acompanhadas de visões, as quais
a pessoa possessa também não pode julgar, necessitando assim de intérpretes ou
profetas para exporem as declarações daquele que tem a fala
"inspirada".
Já Vergílio relata que a sacerdotisa Sibelina adquiriu seu falar
extático em visita a uma caverna onde os ventos encanados produziam sons
estranhos que pareciam, às vezes, música.
"...diz-se então
que essa mesma Pitonisa, sendo uma fêmea, às vezes senta-se escarranchada na
trípode de Apolo, e, por conseguinte, o espírito mau, subindo debaixo e
entrando na parte baixa do seu corpo, enche de loucura a mulher, e ela, com o
cabelo desgrenhado, começa a tocar o bacanal e a espumar pela boca, e assim,
estando num frenesi, fala as palavras de sua loucura".
A história não registra entre Cristãos a ocorrência de um falar em
línguas extático antes do início do século XX, quando do início do
pentecostalismo. Porém, em alguns grupos pequenos e isolados, os quais se
diziam cristãos, houve a ocorrência de um falar em línguas extático. Vejamos
alguns destes que alegaram ter tido este "dom":
- Século
19
- Irvingitas:
Sua principal característica era a de criar novas revelações além das
presentes na Bíblia Sagrada.
- Século
18
- Ann
Lee e seus discípulos (Shakers): Falavam em línguas enquanto
dançavam...nus!!
- Jansenitas:
Falaram em línguas ao dançarem sobre o túmulo de Jansen...também nus!!
- Século
17
- Os
Quacres, diziam que a experiência devia julgar a Bíblia e não o
contrário, há alguns relatos de que houve glossolalia entre eles.
- Século
2
- Montanuenses:
também pregavam a contínua revelação e duas classes de crentes, uma
superior e outra inferior; Montano, seu líder, alegava ser o próprio
Espírito Santo.
Pelo exemplo da postura doutrinária e moral destes que alegaram através
dos tempos serem cristãos, e terem falado línguas enquanto em êxtase, podemos
afirmar seguramente que não se tratava de verdadeiros Cristãos, pois
desdenhavam da palavra de Deus como Sua máxima revelação.
O falar em línguas extático entrou para o Cristianismo, através do
movimento pentecostal iniciado por Spurling, Tomlinson e Parham, no início do
século XX. Charles Parham foi tido como o pai do pentecostalismo moderno, tendo
criado o Lar de Curas Betel e o Colégio Bíblico Betel, o qual ensinava que a
evidência do batismo com o Espírito Santo seria sem dúvida a glossolalia. Deste
ponto em diante se desenvolveu o movimento pentecostal, perseguindo o batismo
com o Espírito Santo e sua evidência visível, a glossolalia. Em 1o de janeiro
de 1901, Agnes Ozman, uma das alunas do colégio falou em línguas após ter
buscado freneticamente pelo batismo com o Espírito Santo. Ela foi a primeira
pessoa dita Cristã a demonstrar a glossolalia.
O movimento pentecostal, teve um crescimento gradual, mas lento, e
somente surgiu como um movimento de grandes proporções a partir de meados do
século XX. E daí até aos dias de hoje, os distintivos pentecostais, que antes
estiveram restritos aos meios pentecostais, começaram a invadir as igrejas
tradicionais, e muitas estão sucumbindo a algumas das práticas pentecostais.
Considerações
Frente a estes fatos devemos tecer algumas considerações:
Mesmo tendo claro em nossa mente que muitos crentes sinceros e dedicados
têm buscado e apresentado este "dom", precisamos entender que
qualquer experiência que contradiga o que nos é ensinado pela palavra de Deus
deve ser considerada como anátema, e devemos nos afastar dela:
"A vós também,
que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras
más, agora contudo vos reconciliou (22) No corpo da sua carne, pela morte, para
perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, (23) Se, na verdade,
permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho
que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e
do qual eu, Paulo, estou feito ministro." (Colossenses 1:21-23)
Bem como devemos estar firmemente fundamentados na Palavra de Deus para
através dela podermos ensinar a outros as maravilhosas verdades de nosso Deus:
"Retendo firme a
fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." (Tito
1:9)
Isto posto, prossigamos em analisar este falar em línguas
"moderno":
Segundo as declarações daqueles que dizem possuir o "dom",
este vem acompanhado de ventos, perfumes, tremores, convulsões físicas,
sensação de flutuação, choques elétricos, luzes, transpiração (devido ao calor
do Espírito Santo), visões, curas, ver e ouvir a Cristo e tocar nele, etc.
Algumas ou todas estas coisas podem acontecer concomitantemente à glossolalia.
Contudo, não há nenhuma referência no Novo Testamento sobre quaisquer destes
eventos como ações concomitantes ao falar em línguas, o que descarta estas
experiências adicionais como sendo bíblicas.
Também, segundo testemunho dos que têm apresentado o falar em línguas
"moderno", sua vida se transformou depois de terem começado a
demonstrar o "dom". Mesmo sem compreender as palavras que proferem,
surge uma luta interior contra os pecados pessoais, um grande interesse pela
igreja, pelo dizimar, pelo aconselhar e pelo falar de Cristo, desejo de estudar
a palavra de Deus, e uma grande alegria interior, e alguns chegam a experimentar
até curas físicas e mentais.
Claro que os resultados aqui descritos são extremamente desejáveis e
recomendáveis a qualquer crente no Senhor Jesus Cristo, contudo devemos ter
claramente diante de nossos olhos que o resultado de uma experiência espiritual
não constitui um teste válido de sua origem divina. Todas as experiências devem
ser julgadas pela Palavra de Deus. O fim não justifica
nem revela os meios! Ou uma experiência espiritual está completamente de acordo com a
palavra de Deus ou deve ser descartada, por melhor ou por mais promissora que
possa parecer!
"Mas, ainda que
nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja anátema" (Gálatas 1:8)
A experiência da glossolalia contradiz completamente os ensinos da
Bíblia Sagrada com relação ao propósito, duração e natureza do dom de línguas,
bem como quanto à regulamentação do seu uso. Logo, este "moderno falar
línguas" NÃO pode ser de Deus.
Se encontrarmos uma manifestação legítima de "falar línguas",
veremos que ela estará plenamente de acordo com o estabelecido pelo Espírito
Santo ao redigir a Bíblia Sagrada, através da inspiração de homens santos, e
veremos que a língua falada então será humana e inteligível, não haverá nenhum
evento concomitante dissonante do descrito pela Palavra de Deus, e a ação terá
o propósito de edificar o corpo de Cristo como um todo e haverá alguém para
interpretá-la (traduzi-la), se for o caso.
E se não for assim, então, a obra não é de Deus, restando então apenas
três outras fontes para esta manifestação de erro: o coração humano, Satanás e
a fraude, razões estas que veremos em detalhes mais à frente.
O "dom" de línguas é hoje uma febre que tem tomado conta de
denominações pentecostais, neopentecostais e dos assim chamados
"carismáticos", evangélicos ou não. Todos estes acreditam que se não
for possível falar "línguas estranhas" (ou seja, o falar em êxtase, a
glossolalia) não é possível que se alcance a felicidade e a plenitude como
cristão, pois não teria havido o batismo com o Espírito Santo, estando este
crente, portanto, desprovido do Espírito de Deus, lutando com suas próprias
forças para vencer o pecado e todo o mal, em uma situação de total desespero e
desalento, sem discernir as coisas de Deus, pois estas se discernem
espiritualmente, lutando cego, uma luta em que lhe é impossível obter a
vitória, pois todo o poder está em Jesus Cristo e chega a nós através do Seu
Santo Espírito. Que triste a condição deste pobre crente, pois, trata-se de
engano, já que todo aquele que foi transformado pelo sangue de Cordeiro de Deus
recebe o Espírito Santo como selo para o dia da redenção:
"Em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação;
e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.
(14) O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida,
para louvor da sua glória." (Efésios 1:13-14)
"E não
entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da
redenção." (Efésios 4:30)
"Mas o que nos
confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, (22) O qual também nos
selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações." (I Coríntios
1:21-22)
Mas, por este engano, colocado no coração destas pessoas, tem-se
estabelecido uma verdadeira corrida ao "dom". Daí o enorme desespero
e a profunda tristeza que muitos crentes (grande maioria deles, sinceros)
enfrenta enquanto não conseguem exibir o tão almejado "dom".
Razões
para o "dom" nos dias de hoje
Como ficou amplamente demonstrado acima o dom de línguas bíblico se
refere ao falar línguas humanas e inteligíveis. E sendo assim, como poderíamos
explicar que crentes em Cristo, resgatados por Seu sacrifício vicário, tenham
apresentado um "dom" que está tão longe da verdade Bíblica? Ou, por
outro lado, como explicaríamos pessoas completamente estranhas à Igreja de
Cristo, apresentando o mesmo "dom" que estes crentes?
No primeiro caso, uma das explicações possíveis é que isto pode
estar sendo causado pela enorme necessidade que o Cristão sente de fazer parte
da sua congregação, de estar unido a ela. Esta necessidade pode causar tal
pressão sobre o subconsciente desta pessoa que ela passa a apresentar o "dom",
passando assim a ser completamente aceita pelo grupo com o qual congrega.
Uma outra explicação para este mesmo caso, e uma das mais óbvias, é que
seria uma falsa ocorrência, uma fraude produzida para enganar. Mas, vamos
descartar esta alternativa, enquanto pejorativa, pois, cremos piamente que não
há intenção de dolo por parte dos crentes que professam ter este
"dom", eles o têm, e o têm de forma sincera. Mas, podemos imaginar
que alguns, por tamanha frustração e infelicidade em seus corações amargurados
por não terem ainda apresentado o "dom", possam chegar a imitar os
que apresentam o "dom", de modo a terem a compensação psicológica que
isto lhes venha a dar.
Por outro lado, a glossolalia pode ser (e em muitos casos é) um fenômeno
psicologicamente induzido: Pois, ao contrário do que aconteceu no primeiro
século, hoje as pessoas são ensinadas a falar em "línguas estranhas",
o que se dá através de uma forma de indução que leva ao delírio e ao êxtase,
fazendo então com que a pessoa fale sem parar. É também digno de nota que
ninguém seja capaz de executar este "falar línguas" sem que antes o
tenha ouvido.
Há ainda a posição duvidosa de certos humanistas, que atribuem a busca
pelo êxtase da glossolalia, e de outras práticas concomitantes, à repressão
sexual existente no meio Cristão, que coloca o sexo como sendo prática válida
somente dentro do casamento. Isto impeliria as pessoas a buscarem dar vazão às
suas necessidades através de ações substitutas ao êxtase sexual. Relatam estes
humanistas que por diversas vezes estas pessoas chegam ao clímax através do
êxtase religioso, satisfazendo-se e dispensando assim as práticas que são
proibidas pela doutrina Cristã.
No segundo caso, como foi citado anteriormente, este
"fenômeno" ocorre também em meios não evangélicos, como no caso dos
católicos carismáticos, de alguns monges orientais e até de esquimós.
Poderíamos crer que o Espírito Santo de Deus tenha dado dons espirituais a
incrédulos, idólatras e hereges os quais duvidam que a morte do Senhor Jesus
tenha sido suficiente para remir nossos pecados? Ou ainda que crêem ser Cristo
apenas uma pessoa "iluminada"? Ou que simplesmente nunca ouviram
falar de Jesus? Lembremo-nos que os dons são para a edificação do Corpo de
Cristo (a Igreja de Jesus) e sendo assim, em que um grupo de idólatras e
hereges falando "línguas estranhas" pode vir a edificar este Corpo?
Há também a ocorrência do falar "línguas estranhas" através de
inspiração demoníaca. Não são poucas as ocorrências em que demônios falam
através de pessoas possuídas:
"Quando, pois,
vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que
chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos
vivos consultar-se-á aos mortos?" (Isaías 8:19)
"Porventura a
minha palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiuça a
pedra? Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que furtam as
minhas palavras, cada um ao seu próximo. Eis que eu sou contra os profetas, diz
o SENHOR, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse."
(Jeremias 23-29-31)
E muitos que falam em nome de Deus, e que clamam em nome do Senhor
Jesus, não são de Cristo, e destes o fogo eterno se incumbirá:
"Nem todo o que
me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
de meu Pai, que está nos céus. (22) Muitos me dirão naquele dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos
demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? (23) E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade." (Mateus 7:21-23)
E há algumas doenças que também podem causar o "dom de línguas
estranhas", como é o caso de certos tumores cerebrais.
Conclusão
Não nos deixemos enganar pelo inimigo. Esta febre chamada de "dom
de línguas" tem provocado a divisão de muitas igrejas. Este alegado
"dom" que deveria ser uma bênção, algo para a edificação do corpo de
Cristo, está na verdade enfraquecendo e dividindo as igrejas de nosso Senhor
Jesus, e está levando crentes ao vício das "línguas estranhas", e
ficam de tal forma transtornados, que perdem completamente a razão, a ponto de
que caso seja provado - biblicamente - o seu erro, como o foi acima, abandonam prontamente a palavra de Deus
em favor de uma experiência de "maior espiritualidade", alegando que
a Bíblia Sagrada está limitando o poder de Deus, e que esta experiência, este
"dom", é a verdadeira revelação de Deus aos homens, e qualquer que
não a tenha experimentado não pode ser considerado como verdadeiro Cristão.
Esquecem-se eles que o coração humano é traiçoeiro e perigoso, e não merece
confiança:
"Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"
(Jeremias 17:9)
Citando Iain H. Murray: "Nossa visão de
Deus precisa ser controlada não pelo que vemos no mundo, mas pelo que a Bíblia
nos autoriza a crer." E como disse Erroll Hulse: "Toda experiência precisa ser
subordinada à disciplina das Escrituras."
Repetindo: todos os dons são dados por Deus para que sejam úteis ao
corpo de Cristo como um todo. E qual tem sido a utilidade deste dito
"dom", além de provocar a divisão e a discórdia?
Bibliografia
consultada
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