quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As Leis de Thelema

O livro da lei Liber al
O movimento místico/ocultista conhecido como Thelema foi estabelecida com a escritura do Livro da Lei. Este foi escrito (ou recebido) por Aleister Crowley no Cairo, Egito, no ano de 1904. É formado por três capítulos totalizando 220 versículos (referenciados normalmente como AL C:v, onde C é o capítulo e v o versículo), cada qual escrito no período de uma hora, começando ao meio-dia, dos dias 8, 9 e 10 de abril. Segundo Crowley, o autor foi uma entidade espiritual elevada denominada Aiwass, a qual posteriormente ele identificou como sendo seu próprio Sagrado Anjo Guardião. Os ensinamentos contidos nesse curto livro são claramente expressos na Lei de Thelema, sintetizada nestas duas frases:

    * "Faze o que tu queres será o todo da Lei" (AL I:40) e
    * "Amor é a lei, amor sob vontade" (AL I:57)

A interpretação deste livro é considerada uma questão estritamente individual. A colocação de idéias pessoais acerca do livro ou seu conteúdo é fortemente desencorajada para que não se criem dogmas ou interpretações oficiais sobre ele. Ainda que Crowley tenha expressado o desejo de ver a Lei de Thelema promulgada em todas as áreas da sociedade, o sucesso desta promulgação baseia-se mais no exemplo pessoal de cada thelemita, levando a que outras pessoas considerem aquela filosofia de vida como válida para si mesmas, assim adotando-a, do que pela evangelização ou tentativas de conversão. Como se diz no próprio Livro, "O sucesso é a tua prova: não argumentes, não convertas; não fales demasiado!" (AL III:42)

Aleister Crowley
É também proibida qualquer alteração, redução ou inclusão de trechos no Liber AL vel Legis, devendo ser mantida intacta sua estrutura, texto e mesmo o estilo de escrita. Todas as edições devem, também, trazer incluso o fac-símile do manuscrito original e, se possível, as traduções devem ter presente também o texto original em inglês. Isso é feito para evitar versões do livro sagrado.

De acordo com Crowley, a história do Livro da Lei tem início em 16 de março de 1904, quando ele buscava "invocar os Silfos" por meios ritualísticos para entreter sua esposa, Rose Kelly. Ainda que ela não tenha conseguido ver nada, pareceu entrar em uma forma leve de transe e repetidamente começou a dizer "Eles estão esperando por você!". Posto que Rose não tinha o menor interesse em magia ou misticismo, Crowley não lhe deu muita atenção. Porém, em 18 de março, após invocar a divindade egípcia Thoth (o deus do conhecimento), ele a ouviu mencionar outra divindade egípcia, Hórus, dizendo que este o estava esperando. Crowley, ainda cético, fez a sua esposa várias perguntas sobre Hórus, as quais ela respondeu acertadamente, ainda que sem nenhum conhecimento ou estudo prévio sobre aquela mitologia. A prova final de que a mensagem era verdadeira foi a identificação da figura de Hórus em uma peça funerária egípcia hoje conhecida como a Estela da Revelação, então exposta no Museu Boulaq, com o número de identificação 666 (que para os ocultistas está ligado não ao demônio, mas sim às divindades solares).

Estela da Revelação

Estela da revelação
A Estrela da Revelação ou Abominação da Desolação é uma tábua funerária do sacerdote Ankh-f-n-Khonsu. Descoberta por Rose Kelly no Museu de Boulaq no Cairo, durante o período de recebimento do Livro da Lei. Ao passar em frente a ela, Kelly identificou a figura de Hórus que desejava entrar em contato com Crowley. " Coincidentemente" o número da estela no museu era 666.

Nela constam a figura de Ra-Horaknty (Hórus) e Ankh-f-n-Khonsu, Nuit e Hadit. Adornada com trechos do Livro dos Mortos, na frente o capítulo 91 e atrás, 11 linhas do capítulo 2 e 30.
Em 20 de março Crowley invocou o deus Hórus, sendo bem sucedido na tarefa. De 23 de março a 8 de abril passou traduzindo os hieróglifos da Estela. Ainda, Rose revelou que seu "informante" não era Hórus por si, mas seu porta-voz, Aiwass. Finalmente, em 7 de abril, Rose deu a Crowley instruções sobre como proceder dali em diante. Por três dias ele entrou no "templo" no horário determinado e escreveu até as 13h.

A Escritura
Crowley escreveu o Livro da Lei nos dias 8, 9 e 10 de abril de 1904, entre o meio-dia e as 13h. Crowley descreve seu encontro com Aiwass no "The Equinox of the Gods" ("O Equinócio dos Deuses"). Ele conta que a Voz de Aiwass vinha por sobre seu ombro esquerdo, como se o orador estivesse parado em um dos cantos do quarto. A voz é descrita como

    [...] de um timbre profundo, musical e expressivo, com tons solenes, voluptuosos e tenros, flamejante e despida de tudo que não fosse o conteúdo da mensagem. Não um baixo, talvez um rico tenor ou barítono.

Posteriormente, a voz de Aiwass foi dita por Crowley como destituída de qualquer sotaque, nativo ou estrangeiro.

Ainda que ele não tenha olhado ao redor, Crowley teve a impressão de que Aiwass era feito de um corpo de "matéria fina" como um "véu de gaze". Posteriormente, após outras experiências de contato com essa entidade dita "preter-humana", ele o descreveu como "um homem alto e escuro, com cerca de trinta anos, composto, ativo e forte, com o rosto de um rei selvagem, cujos olhos eram velados pois seu olhar poderia destruir o que estivesse olhando". As roupas não seriam árabes mas vagamente sugerindo vestes assírias ou persas.

Crowley também deixou claro que a escritura não foi um ato de escrita automática ou psicografia e sim que ele apenas escrevia o que era ditado por uma voz real falando a ele. Isso é mostrado pelos vários erros de escrita no manuscrito original, corrigidos na hora por Crowley. Ele admitia que Awiass podia ser uma manifestação de seu subconsciente, mas mesmo assim considerava que a mensagem ditada estava além da experiência ou conhecimento humanos, sendo necessária uma inteligência de nível superior que apenas um deus poderia possuir. Sobre isso, comentou:

    É claro que eu o escrevi, tinta no papel, no sentido material; mas aquelas não eram Minhas palavras, a não ser que Aiwass não fosse mais do que meu self subconsciente (sic) ou alguma parte disto: nesse caso, meu Self consciente, sendo ignorante acerca da Verdade do Livro e hostil à maior parte da ética e da filosofia do Livro, Aiwass seria uma parte severamente suprimida de mim. Esta teoria implicaria que eu sou, ainda que desconhecendo, possuidor de toda sorte de conhecimento e poder preternaturais.
Liber all

Em sua introdução ao "The Law is for All" ("A Lei é Para Todos"), o discípulo e secretário de Crowley, Israel Regardie coloca que:

    De fato, faz pouca diferença no fim das contas se o Livo da Lei foi ditado a [Crowley] por uma inteligência preter-humana chamada Aiwass ou se fluiu das profundezas criativas de Aleister Crowley. O livro foi escrito. E se tornou a pedra fundamental para o Zeitgeist, acertadamente expressando a natureza intrínseca de nosso tempo como ninguém mais havia feito até então.

Lei de Thelema

Faze o que tu queres há de ser toda a Lei

O princípio Thelemico está dedicado aos altos propósitos de segurança da Liberdade do Indivíduo e de seu crescimento em Luz, Sabedoria, Compreensão, Conhecimento e Poder; mediante Beleza, Coragem e Sapiência;

A lei de Thelema está encravada no Livro da Lei, recebido por Aleister Crowley em 1904, e com este, uma mensagem de revolução do pensamento humano, da cultura e religião baseados no simples axioma: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei - Amor é a lei, amor sob vontade". Essa Lei, resumida na palavra Thelema, não é para ser interpretada como uma licença para satisfazer cada capricho vivido, porém antes um mandato a descobrir a sua única e Verdadeira Vontade e persegui-la; deixando outros fazerem o mesmo em seus únicos e próprios e caminhos. "Todo homem e toda mulher é uma estrela".
Amor é a lei, amor sob vontade.

Paz, Tolerância, Verdade;
Saudações em Todos os Pontos do Triângulo;
Com Respeito à Ordem.
A Quem Interessar possa.

Thelema ("Télêma") é uma palavra Grega que significa "vontade" ou "intenção". Ela é também o nome da nova filosofia espiritual que foi erguida à quase cem anos e está agora tornando-se gradualmente estabilizada ao redor do mundo.

Uma das mais primeiras menções a esta filosofia ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escritos por Francois Rabelais em 1532. Um episódio desta aventura épica conta-nos da fundação da "Abadia de Thelema" como uma instituição para o cultivo das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo por completa oposta às prevalecentes propriedades Cristãs do momento. A única regra da Abadia de Thelema era: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei". Essa tem sido uma das crenças básicas da filosofia Thelemica hoje.

Embora tocada sobre vários proeminentes e visionários pensadores nos cem anos seguintes, a semente de Thelema plantada por Rabelais eventualmente veio a dar frutos na primeira parte deste século, quando desenvolvida por um inglês chamado Aleister Crowley.

Crowley gastou o resto de sua vida desenvolvendo a filosofia de Thelema, tal como revelado pelo Livro da Lei. O resultado foi uma volumosa produção de comentários e trabalhos relacionados à magick, misticismo, yoga, qabalah e outros assuntos ocultistas. Virtualmente todos esses escritos levaram a influência de Thelema, tal como interpretada e entendida por Crowley em sua capacidade como profeta do Novo Aeon. (Nova era)

Isis, Hórus e Osíris trindade egipcia
Uma teoria defende que cada capítulo do Livro da Lei está associado, em particular, com um aeon da evolução espiritual da humanidade. De acordo com isto, o Capítulo Um caracteriza o Aeon de Ísis, quando o arquétipo da divindade feminina era eminente. O Capítulo Dois relata o Aeon de Osíris, quando o arquétipo do deus morto tornou-se proeminente, e as palavras da religiões patriarcais foram estabelecidas. O Capítulo Três proclama o alvorecer de um novo aeon, o Aeon de Hórus, a criança de Ísis e Osíris. É neste novo aeon que a filosofia de Thelema será completamente desvelada à humanidade, e será estabelecida como o primeiro paradigma para a evolução espiritual das espécies.

Alguns desses elementos essenciais da crença em Thelema são:

"Todo homem e toda mulher é uma estrela."

O significado disto geralmente é tomado que cada um indivíduo é único e têm seus próprios caminhos em um universo espaçoso, onde eles podem mover-se livremente sem colisão.

"Faze o que tu queres há ser toda a Lei." e "tu não tens direito senão faze o que tu queres."

Muitos Thelemitas esperam que toda pessoa possui uma Verdadeira Vontade, uma simples motivação abrangente por suas existências. A Lei de Thelema determina que cada pessoa siga sua Verdadeira Vontade para alcançar satisfação na vida e liberdade das restrições da suas naturezas. Pois duas Verdadeiras Vontades não podem estar em real conflito (de acordo com "Todo homem e toda mulher é uma estrela"), essa Lei também proíbe alguém de interferir na Verdadeira Vontade de qualquer outra pessoa.

A noção de absoluta liberdade para um indivíduo seguir sua Verdadeira Vontade é uma das nutridas entre os Thelemitas. Essa filosofia também reconhece que a principal tarefa de um indivíduo que inicia o caminho de Thelema, é primeiro descobrir sua Verdadeira Vontade, através de métodos de auto-exploração tal como a magick. Além disso, toda Verdadeira Vontade é diferente, e por isso cada pessoa tem um único ponto de vista do universo, ninguém pode determinar a Verdadeira Vontade para outra pessoa. Cada pessoa deve chegar a descobrir por elas próprias.

É claro, com a ênfase sobre a liberdade e individualidade inerente em Thelema, as crenças de qualquer dado Thelemita são provavelmente para diferenciar daqueles de qualquer outro. No Comento anexado ao Livro da Lei é estabelecido que: "Todas as questões do Livro da Lei devem ser decididas apenas por apelo aos meus escritos, cada qual por si mesmo." Nisso, Thelema mal pode ser classificada como um "religião", uma vez que ele engloba uma vasta área de crenças, desde ateísmo ao politeísmo. O importante é que cada pessoa tem o direito de completar-se através de quaisquer credo e ações que são melhor adequados para eles (desde que eles não interfiram na vontade de outros), e somente eles mesmos estão qualificados para determinar quais são.

3 comentários:

  1. Essa coisa toda é misticismo dogmático, não existe vontade, individualidade, nada. É tudo ilusão de alguém abastado que não pensava naqueles que sofriam trabalhando nas docas londrinas e quando chegavam em casa não tinham o que comer e geralmente eram acometidos de tuberculose e morriam. Se Crowley tivesse usado um pouco do seu dinheiro para ajudar os filhos dessa gente que sofriam nos orfanatos teria sido mais eficiente.

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  2. Sobre o comentário: Crowley alimentou e ainda alimenta algo de muito mais importante do que comida que é conhecimento e sabedoria que por sua vez são alimentos da alma e posteriormente do espírito. Parece que pra você, comida é mais importante que isso.

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