terça-feira, 21 de setembro de 2021

A LENDA DE JONAS

        A LENDA DE JONAS

Conforme já vimos anteriormente, houveram poucos profetas no período antes dos grandes Impérios, basicamente Samuel, Elias e Eliseu. 


Já no período dos grandes Impérios começam a surgir profetas maiores. E deste período surge um profeta insignificante chamado Jonas (יוֹנָה). O nome em hebraico é de uma origem incerta.


O livro de Jonas não é considerado histórico, é apenas uma lenda com um uma mensagem por trás. E conforme já vimos também, em livros alegóricos é comum se utilizar o nome de alguém proeminente para validar o livro. Portanto, o personagem que dá nome ao livro provavelmente existiu no período Assírio, embora o livro em si acredita-se que tenha sido redigido posteriormente, no período Babilônico:


E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:

Jonas 1:1


No décimo quinto ano de Amazias, filho de Joás, rei de Judá, começou a reinar em Samaria, Jeroboão, filho de Jeoás, rei de Israel, e reinou quarenta e um anos. E fez o que era mau aos olhos do Senhor; nunca se apartou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel. Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate, até ao mar da planície; conforme a palavra do Senhor Deus de Israel, a qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.

2 Reis 14:23-25


Então provavelmente existiu no período Assírio um profeta proeminente chamado Jonas que transmitiu a palavra do Senhor ao rei Amazias. Estranhamente no livro não temos nada disso. Na verdade Jonas é o único profeta bíblico que transmite a palavra do Senhor a um povo estrangeiro, aos habitantes de Nínive.


O livro de Jonas, contém uma história insignificante, embora interessante, sobre um profeta que com relutância cumpre uma missão que lhe fora confiada por Deus. Esta história parece ser baseada em alguma lenda ou conto assírio, pois a ação é direcionada para Nínive a capital do império assírio.

 

Segundo o livro de Reis, Jeroboão II expandiu o território de Israel, conquistando Damasco. É provável que tenha sido auxiliado por Adad-nirari III (alegadamente pai de Tiglath-Pileser III) e daí, nesse tempo, surgir alguma afinidade com Nínive. Por outro lado, como os assírios ficaram, entretanto, muito ocupados com as suas fronteiras a norte (ataques do reino Urartu e outros), Jeroboão não lhes prestaria muita vassalagem. Portanto a relação entre Israel e a Assíria não era de subserviência e o autor do livro talvez tivesses imaginado que nesse tempo faria sentido um profeta de Israel ir pregar para a capital assíria. Por outro lado, Nínive é descrita tal como seria no auge do império assírio, ou seja, como seria uns cem anos depois do tempo de Jeroboão. E Nínive foi mesmo destruída mais tarde, mas pelos babilónios em 612 a.C., não por Deus.


O texto do livro de Jonas, embora enquadrado no tempo dos assírios, pode ter sido escrito posteriormente, durante o exílio babilónico (590  a 530 a.C). Pode conter uma sátira à cosmologia babilónica. O peixe que engole Jonas pode ser uma referência velada a Tiamat o monstro do caos que ameaça a criação.


Se o livro de Jonas foi redigido durante o exílio na Babilónia, contendo uma crítica velada aos babilónios, o autor talvez receasse alguma censura política/religiosa. Seria, então, natural que o autor colocasse a narrativa num cenário assírio em que Nínive serviria como uma imagem velada de Babilónia.

Então o objetivo do livro de Jonas é teológico. Mais uma alegoria afim de transmitir algo por trás. No caso de Jonas, tanto pode ser um midrash, isto é, transmitir uma mensagem ética, quanto pode ser um apocalipse, isto é, transmitir uma mensagem contra um inimigo opressor utilizando referências falsas de inimigos do passado de modo alegórico, análogo.


Como Midrash nós podemos extrair:


Deus não é apenas Deus dos Hebreus mas dos demais povos


Não são apenas sacrifícios que agradam a Deus mas Jejum, oração e um arrependimento sincero.


Deus é misericordioso tanto com relação a humanos quanto animais.


Já no sentido apocalíptico, podemos ver quais foram as bases que o autor utilizou:


A lenda de Jonas lembra a passagem onde o barco de Adapa afundou; mas após ser salvo pelos tripulantes de outro barco Adapa é jogado ao mar, para que Deus acalmasse a tempestade...

Sendo que o Deus EA enviou um grande peixe que engoliu Adapa por 3 dias e 3 noites, e depois o peixe “cuspido” Adapa na Cidade de Nínive.

 

Numa antiguíssima lenda filisteu, por desobedecer seguidamente às ordens do Deus Peixe Dagon (o Deus filisteu da fertilidade e da colheita, que era metade peixe e metade homem), Junas foi engolido por um enorme peixe; mas depois de passar 3 dias e 3 noites dentro do grande peixe Junas foi vomitado vivo, na margem do Rio Ufrat...

 

Como mesmo estando no ventre do grande peixe Junas se recusava rezar, e a pedir desculpa, o Deus Dagom teria resolvido colocar Junas em outro peixe menor, mais rápido, mais jovem, e do sexo feminino, (uma Leviatã), onde Jonas teria menos conforto...

 

O novo peixe enviado por Deus se aproximou do macho em que Junas se encontrava, e depois de anunciar a ordem divina no sentido de Junas ser transferido para a barriga menor de outro peixe; ameaçou devorar a ambos, a menos que Junah fosse transferido para ela...

 

Já na desconfortável barriga da Leviatã Junas finalmente reconheceu a inutilidade dos seus esforços para escapar de Deus, e nos dias restantes em que permaneceu temporariamente na barriga do monstro, compôs um hino de ação de graças ao poderoso Deus Dagom...

 

Para minimizar a milenar Festa Pagã da volta triunfal do Sol que “renasce” em 25 de dezembro, depois de “morrer” por 3 noites e 3 dias, num antropofagismo religioso a Bíblia usou a lenda de Junas e o grande peixe para criar a fábula ninivita onde Jonas, filho de Amitaim, em torno de 750 a.C., após passar 3 dias e 3 noites no ventre de um peixe, foi vomitado na Praia...

 

Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/3682273

recanto das letras


Apocalipse


Então se a intenção do autor fosse como em Daniel criar uma estória em torno de uma lenda conhecida para representar outra realidade, sem que os opressores soubessem, podemos tirar algumas conclusões.


O profeta enviado com relutância a uma terra estrangeira poderia simbolizar Israel levado a força para a Babilônia, isto é, os servos de Deus em uma terra estrangeira.


O profeta engolido pelo grande peixe, poderia indicar Israel engolida por um grande Império simbolizado por um peixe, isto é, a Babilônia e o deus Dagon. Lembrando que mar em linguagem apocalíptica sempre simboliza povos e nações.


O jejum e oração do povo de Nínive poderia ser uma mensagem específica do que Deus queria do povo cativo na Babilônia, um arrependimento sincero pelos pecados de Israel. O mesmo estilo vemos em Daniel que constantemente fazia Jejum e oração.


A árvore destruída por Deus em Jonas, como já vimos, é uma referência ao rei da Babilônia a mesma referência utiliza por outros profetas como Daniel por exemplo:


“A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra; Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu; És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da terra”


Daniel 4:20-22


“E fez o Senhor Deus nascer uma aboboreira, e ela subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu enfado; e Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira. Mas Deus enviou um verme, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou. E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver”


Jonas 4:6-8


Então a mensagem da árvore poderia ser que Deus a destruiria po piedade do seu povo:


“E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?


Jonas 4:10,11


Então se intenção do autor era transmitir uma mensagem para uma comunidade exilada na babilônia, faz todo sentido que ele tenha utilizado um arquétipo conhecido do povo, e utilizado lendas populares para transmitir uma mensagem de esperança a uma comunidade oprimida.



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