quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Evangelho de João 3 Ignorância acerca do judaísmo e da época

SÍNTESE 5 IGNORANCIA ACERCA DO JUDAÍSMO E DA CULTURA DA ÉPOCA 

Um rabi analfabeto? 

“Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava. E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?” 
 
João 7:14,15 

 

“Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre” 
 
João 20:16 

 

Discussão dos judeus sem sentido 

“Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação” 
 
João 11:47,48 

 

Onde diz na lei? 

“Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?” 
 
João 12:34 

 

Citações erradas dos profetas como os sinóticos também fazem: 

 

Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, entào Isaías disse outra vezCegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure” 
 
João 12:38-40 

 

Discípulo de Moisés? 

 

“Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu; nós, porém, somos discípulos de Moisés 
 
João 9:28 

 

Caifás profeta? 

Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos” 
 
João 11:49-52 

 

Circuncisão 

“Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?” 
 
João 7:22,23 

 

De acordo com a Torá todo menino deveria ser circuncidado ao oitavo dia: 

 

“E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio” 
 
Levítico 12:3 

 

Havia um conflito sobre fazer circuncisão no shabat pois teriam que carregar instrumentos em locais públicos: 

 

“Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá” 
 
Êxodo 31:14,15 

 

“Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu;” 
 
Deuteronômio 5:13,14 

 

Os rabinos conseguiram resolver esta questão e registraram no Talmude, no tratado Shabat, páginas 128b-137b 

  

“Os rabinos foram confrontados com um conflito entre a lei sobre trabalhar no Shabat e o comando de que um homem deve circuncidar seu filho no oitavo dia de vida. Os conflitos surgiram do fato de que cortar e carregar instrumentos em  público para realixar a circuncisão são tipos de trabalho proibidos pelos rabinos no Shabat. Eles decidiram que se o oitavo dia cai no Shabat, alguém pode fazer a obra necessária e circuncidar o menino, mas se a circuncisão deve tomar lugar após o oitavo dia, ou seja, por razões de saúde, ela pode naõ ser feita no shabat em violação às proibições de trabalho, podendo se esperar até um dia de semana comum.” 

 

Basicamente vimos que quando havia conflito entre mandamentos como, por exemplo, não realizar trabalho no Shabat e circuncidar os filhos, a circuncisão precede como mandamento de maior força. No judaísmo o Shabat é considerado o dia santo de descanso atribuído na Torah por Deus, como podemos ver nos 10 mandamentos (Êxodo 20:1-17), por exemplo.  

 

A circuncisão era tão importante para o povo judeu, por diversos motivos que ela chegava a suplantar a importância do Shabat. Como visto no versículo de João 7:22-23, fazer a circuncisão era considerado curar uma das 248 partes do corpo, e portanto qualquer tipo de cura estaria permitido no shabat, pois preservar a vida é mais importante do que obedecer aos mandamentos com exceção de três mandamentos negativos, estes envolvem yehareg ve'al ya'avor, o que significa que "uma pessoa deve se deixar ser morta ao invés de violar este mandamento negativo".  

 

São eles: o assassinato, idolatria e relações proibidas, que incluem incesto, bestialide e homossexualidade. (Talmud 

Babilônico, Tratado Sanedrin 74a). 

 

Então era disso que Jesus estava falando. Mas o autor de João diz que os judeus queriam matar Jesus por curar no shabat que está como permitido no mesmo tratado: 

 

“E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado 
 
João 5:15,16 

 

“Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles” 
 
João 9:16 

 

O autor faz associações tipológicas com figuras condenadas do velho testamento, como a figueira, serpente etc 

 

 

Videira 

Jesus se compara a uma videira duas vezes: 

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. 
Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. 
Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. 
 
João 15:1-4 

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. 
 
João 15:5,6 

 

Videira que segundo Ezequiel não servia para obra alguma: 

“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, que mais é a árvore da videira do que qualquer outra árvore, ou do que o sarmento que está entre as árvores do bosque? Toma-se dela madeira para fazer alguma obra? Ou toma-se dela alguma estaca, para que se lhe pendure um vaso? 
Eis que é lançado no fogo, para ser consumido; ambas as suas extremidades consome o fogo, e o meio dela fica também queimado; serviria porventura para alguma obra? Ora, se estando inteiro, não servia para obra alguma, quanto menos sendo consumido pelo fogo, e, sendo queimado, se faria ainda obra dele? Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Como a árvore da videira entre as árvores do bosque, que tenho entregue ao fogo para que seja consumido, assim entregarei os habitantes de Jerusalém. 
 
Ezequiel 15:1-6 

 

Jesus se compara a serpente neustã de Moisés  

 

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantadoPara que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” 
João 3:14,15 

 

 

Serpente que foi destruída porque gerou um culto idolátrico: 

 

“Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.” 
 
2 Reis 18:4 

 

Ignorância acerca do Tanach e da época: 

O capítulo oito de João começa com a perícope da mulher adultera. Essa passagem não consta nos códices mais antigos como o Vaticano e o Sinaiticus, ambos do IV século. Papias menciona que Jesus certa vez salvou uma mulher pecadora de apedrejamento, mas o que temos de Papias vem de pais da igreja posteriores como Eusébio e o relato da história em si não temos. Além de algumas problemáticas do texto: 

 

  • Essa passagem já esteve em Lucas e depois foi realocada em João 

 

  • No final do capítulo sete todos tinham ido para casa 

 

  • Os fariseus apresentam só a mulher sendo que na lei era exigido que ambos que adulteraram fossem julgados 

 

Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” 
 
Levítico 20:10 

 

  • Não se fazia julgamentos ou apedrejamentos em locais públicos, mas num sinédrio. 

 

  • Jesus não tinha autoridade para julgar pois não era membro do sinédrio. 

 

  • Não havia areia no pátio do templo. 

 

  • A passagem não consta em nenhum códice ou manuscrito antigo anterior ao quarto século. 

 

 

Lugar do tesouro 

“Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouroensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora” 
 
João 8:20 

 

Entre as muitas salas ou câmaras construídas, uma delas era usada para depositar o dízimo que não era composto apenas de moedas, mas também de produtos agrícolas.  O dízimo era entregue e guardado.  Neemias usa a expressão “casa do tesouro” para falar de uma destas câmaras ou salas onde eram depositados os dízimos.  “O sacerdote filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e os levitas traziam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”. Neemias 10:38 

Era uma espécie de tesouraria.  Portanto, “casa do tesouro” é uma expressão para designar primeiramente o lugar ou espaço, onde o dízimo deveria ser guardado. 

 

King James Version traduziu a expressão de Malaquias 3 como “celeiro ou lugar onde cereais eram depositados”, já que grande parte dos dízimos eram grãos. 

 

Como que jesus estava ensinando na casa do tesouro se ali só ficavam o sacerdote e os levitas recebendo os dizimos? O autor demonstra um desconhecimento do templo e da cultura da época. 

 

“E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro.Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas do grão, do mosto e do azeite; porquanto ali estão os vasos do santuário, como também os sacerdotes que ministram, os porteiros e os cantores; e que assim não desampararíamos a casa do nosso Deus” 
 
Neemias 10:38,39 

 

  • Jesus era levita? 

  • Porque estava ensinado no lugar do tesouro? 

 

Então mais uma vez o autor demonstra um desconhecimento acerca do templo e dos costumes da época. 

 

Defesa estranha 

Depois Jesus diz que ele e o pai são um: 

 

“Eu e o Pai somos um” 
 
João 10:30 

 

Os judeus pegam pedras para apedreja-lo e ele se defende: 

 

“Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? 
Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada” 
 
João 10:33-35 

 

Em seguida Jesus dissimula o que disse: 

 

“«quele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? 
 
João 10:36 

 

Então ele diz que era um com pai mas em sua defesa diz que disse ser filho de Deus. E não está escrito na lei sois deuses, na verdade isso está em um salmo de Davi e não significa deuses, mas pessoas poderosas por deus: 

 

“Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo” 
 
Salmos 82:6 

 

Pergunta: 

  • Se não disse que era Deus, mas sim filho de Deus, porque em sua defesa ele cita um salmo que diz são deuses? 

 

  • Porque ele disse ser um e depois dissimulou dizendo que disse ser filho de Deus? 

 

  • Se Jesus tivesse dito sou filho de Deus isso não seria blasfêmia. 

 

 

 

Judeus nunca foram servos? 

O autor ignora um dos pilares do judaísmo que é quando Deus tirou seu povo da servidão do Egito: 

“Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?” 
 
João 8:33 

 

lembrar-te-ás de que foste servo no Egito; e guardarás estes estatutos, e os cumprirás. 
 
Deuteronômio 16:12 

 

Teofagia 

Nos evangelhos sinóticos Jesus utiliza na ceia de páscoa o pão e vinho como simbolismo para uma nova aliança feita com sangue. 

 

“E, comendo eles, tomou Jesus pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado” 
 
Marcos 14:22-24 

 

Mas o autor do quarto evangelho parece ver outro simbolismo para isso, um simbolismo espiritual, universal e místico: 

 

“Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” 
 
João 6:53-56 

 

                 

            Sinóticos 

                  João 

Para quem é dado 

Apóstolos 

Todos 

Simbolismo 

Aliança 

Comunhão 

Quando aconteceu 

Páscoa 

Numa discussão com os fariseus 

 

 

Isso remete a um tipo de teofagia: Em algumas religiões primitivas, ingestão sacramental do respectivo Deus, sob a forma de um homem, um animal ou qualquer imagem simbólica. 

 

Mitraismo: Os adeptos comiam carne e vinho simbolizando o corpo e o sangue da divindade para terem comunhão com a mesma. 

 

Lava pés 

Jesus faz um ritual de lavar os pés dos discípulos. Ele praticamente usa a mesma expressão do ritual da eucaristia segundo João: 

Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. 
 
João 13:8 

Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. 
 
João 6:53 

 

 

Pergunta: 

  • Porque as igrejas fazem o ritual da comunhão, mas a maioria não faz o do lavas pés? 

  • Porque Jesus em João impõe mais rituais? 

  • Porque nenhum dos sinóticos mencionou esse ritual tão importante para ter parte com Jesus? 

 

Fora que Khrisna o deus hindu também fez um ritual parecido simbolizando humildade, quando lavou os pés dos Bramares 

 

 

 

Um novo mandamento? 

Jesus da um novo mandamento que já havia na Torá, ou seja, o autor desconhece: 

 

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” 
 
João 13:34,35 

 

“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor” 
 
Levítico 19:18 

 

O evangelho de João começa com um prólogo e depois inicia falando de João Batista. O autor utiliza a mesma referência vetero testamentária dos sinóticos, um oráculo de Isaias: 

                       Marcos 

                    João 

Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. 
 
Marcos 1:2,3 

Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? 
Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. 
 
João 1:22,23 

 

 

João coloca a frase na boca do próprio João Batista, sendo que ele tinha acabado de ser questionado se era um profeta e disse que não: 

 

“E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não 
 
João 1:21 

 

E o oráculo de Isaias não é uma profecia e nem acerca de um mensageiro, é um cântico poético de louvor de retorno a Sião, e a voz que clama no deserto é o próprio Israel: 

 

“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” 
 
Isaías 40:3 

 

Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto. Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus” 
 
Isaías 40:9 

 

Moisés falou de Jesus? 

“Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” 
 
João 5:45-47 

 

 

O autor cita passagens não mencionadas nos sinóticos e que os contradizem: 

PROBLEMÁTICAS DE JESUS E A MULHER DO POÇO 

  

Em João 4 é narrado que Jesus encontra uma mulher junto ao poço de Jacó enquanto seus discípulos vão comprar comida. Segue-se um diálogo  entre Jesus e a mulher e depois jesus visita a aldeia dos Samaritanos onde muitos crêem nele. 

  

Este texto reúne um certo número de problemáticas que o tornam improvável de ter realmente acontecido. Vamos analisar: 

  

Jesus esteve na Samaria ou não? 

  

Havia uma inimizade entre os judeus e os Samaritanos, no primeiro século, ao ponto do gentílico Samaritano ser usado pejorativamente: 

  

“Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio?” 

  

João 8:48 

  

E segundo João Jesus vai da Judeia a Galiléia passando pela Samaria o que era desnecessário: 

  

“Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia. E era-lhe necessário passar por Samaria” 

  

João 4:3,4 

  

E segundo os sinóticos, Jesus não entrou na aldeia dos Samaritanos porque não foi bem recebido: 

  

              Segundo Lucas 

                  Segundo João 

E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. 

E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia. 

  

Lucas 9:52-56 

E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito. 

Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. 

E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. 

  

João 4:39-41 

 

                                 

O próprio Jesus havia proibido aos doze de entrarem em aldeias de Samaritanos: 

  

“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;” 

Mateus 10:5 

  

Samaritanos não creem em profetas 

  

Segundo a narrativa a mulher reconhece que Jesus é um profeta: 

  

“Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta” 

João 4:19 

  

Os quatro pilares da fé samaritana, cujas origens são datadas no mínimo da época do Segundo Templo, são descritos abaixo, em documento da A. B. Institute of Samaritan Studies: 

  

1- Um Elohim, que é o Elohim de Israel 

  

2. Um Profeta, Moshe Ben Amram 

  

3. Um Livro Sagrado, o Pentateuco: a Torah entregue por Moshe 

  

Um Lugar Sagrado: o monte Guerizim 

  

A estes é adicionada a crença no Taheb filho de José (O Retornador, O Restaurador, um profeta como Moisés) que aparecerá no Dia da Vingança e Recompensa nos últimos dias.” (Who are the Israelite Samaritans) 

  

A mulher samaritana precisaria ser ignorante quanto à sua própria tradição para chamar Jesus/Yeshua de profeta, uma vez que os samaritanos só reconhecem um profeta, Moshe (Moisés), e aguardam outro, denominado na tradição samaritana de Taheb. 

  

Pela tradição samaritana, o Taheb, o restaurador, será um líder seja de Efrayim ou Menashe que irá guiar Israel como nos tempos de Moshe. Porém, em sendo judeu, Jesus/Yeshua jamais preencheria o requisito básico para ser o Taheb. 

  

O local de adoração dos samaritanos 

  

“Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:20-24 ) 

  

Há mais um erro grave também aqui neste trecho. 

  

Pode parecer tentadora a ideia de que Jesus teria corrigido a mulher, afirmando que tempos viriam em que o Eterno seria adorado não em lugar algum, mas “em espírito e em verdade”. 

  

Para os que crêem no Tanach, a frase acima já é uma contradição, uma vez que o Tanach fala abundantemente da centralidade de Jerusalém como local de adoração para os tempos vindouros. Por exemplo: 

  

“E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte de YHWH, e casa do Elohim de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de sairá a Torah, e de Jerusalém a palavra de YHWH.” (Michah/Miquéias 4:2) 

  

“Exulta, e alegra-te ó filha de Tsiyon, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz YHWH. E naquele dia muitas nações se ajuntarão a YHWH, e serão o meu povo, e habitarei no meio de ti e saberás que YHWH me enviou a ti. Então YHWH herdará a Yehudah como sua porção na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém. Cala-te, toda a carne, diante de YHWH, porque ele se levantou da sua santa morada.” (Zacarias 2:10-13) 

  

Para contornar passagens tais como as acima, e muitas outras, é comum que o Cristianismo as espiritualize, uma vez que se tratam de profecias. 

  

Porém, para o caso do monte Guerizim e sua relação com os samaritanos, a espiritualização não seria uma saída possível. 

  

Porque, diferentemente do que ocorre para os judeus, a ideia da centralidade do monte Guerizim para os samaritanos não é profética. 

  

Para os samaritanos, o lugar de adoração faz parte dos Asseret haDibrot (Dez Mandamentos) na sua versão da Torah. Na Torah samaritana, o não cobiçar a mulher do próximo e os seus pertences aparecem como um único mandamento. E o décimo mandamento aparece da seguinte forma: 

  

“E será que quando o vosso Elohim vos trouxer à terra de Kena’an, que ireis herdar, vós vos erguereis grandes pedras, e as cobrirão com reboco, e escreverão nelas todas as palavras desta Torah. E será que, quando passares pelo Yarden, colocareis estas pedras, que Eu hoje vos ordeno, no monte Guerizim.” (Torah Samaritana – Asseret haDibrot) 

  

Esta é a principal diferença textual entre a Torah Samaritana e a Torah Judaica.  

  

Dinastia Davidica 

  

Ainda acerca da passagem supracitada, há um terceiro erro: os samaritanos culpavam (e culpam) abertamente a dinastia davídica por ter mudado o local de adoração, e afirmam que os samaritanos nunca aceitaram a autoridade da dinastia davídica. Sobre isso, Sedaka escreve: 

  

“A tribo de Yossef não se submetida ao governo de David e Salomão. Eles se rebelaram contra a Casa de David na primeira oportunidade, quando Salomão morreu. A tribo de Yossef conduziu as tribos do norte para formarem o Reino de Israel. As relações entre os Reinos de Israel e Judá não eram fáceis.” (Israelite Samaritan History) 

  

Ou seja, um samaritano teria muito pouca simpatia, para dizer o mínimo, de ouvir um judeu, quem dirá um suposto descendente davídico, discorrer sobre uma nova alteração no lugar de adoração, ou mesmo sobre um livramento vir dos judeus, visto que os samaritanos culpavam a tribo de Judá por boa parte dos infortúnios do povo de Israel. Supor que a mulher, e muitos outros após ela, ouviria(m) essa retórica e se maravilhariam demonstra a ingenuidade do autor do relato sobre os conflitos político-religiosos da região. 

  

“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus” 

João 4:22 

  

“A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?” (João 4:25-29) 

  

Outro erro, igualmente grave, está nas palavras da mulher samaritana, que afirma saber que o Messias restauraria todas as coisas. 

  

Samaritanos não crêem na vinda de um Mashiach! Salvo, evidentemente, se dissociarmos a ideia de “Mashiach” do conceito encontrado no Tanach, e atribuirmos a palavra um novo conceito. 

  

Alguns teólogos tentam contornar essa falha evidente com uma comparação entre o conceito do Taheb, e o conceito judaico de Melech haMashiach, o descendente davídico que apareceria no fim dos tempos, pois de fato há semelhanças entre os dois. Porém, essa comparação é extremamente falha. Não a toa, em entrevista aos judeus, Sedaka nos informou Sedaka, a crença numa figura messiânica é exclusivamente judaica. 

  

Afinal, o Taheb é um profeta de Efrayim, que centralizará as tribos de Israel entre ele, retornando Israel a um estado funcional semelhante ao dos tempos de Moshe (Moisés). 

  

Atribuir à mulher samaritana uma expectativa que é judaica é um erro de contexto sociológico bastante grande. Mesmo que fôssemos supor que a mulher samaritana se referisse ao Taheb, Jesus não cumpriria seus requisitos mais básicos, e certamente a mulher samaritana sabia disso. 

  

Distinção entre Profeta e Taheb 

  

Mesmo se ignorássemos o quarto erro, haveria ainda um quinto, na mesma passagem, se for feita a associação que deseja e o evangelista entre o Taheb samaritano e o Mashiach judeu, mesmo sendo conceitos completamente diferentes. 

  

O erro ocorreria porque no verso 19, a mulher afirma que Jesus era um profeta. Já no 29, afirma que ele seria essa figura messiânica. 

  

Todavia, na teologia samaritana não haveria diferenciação entre o ser um profeta e ser o Taheb. O único profeta esperado pelo Samaritanismo é exatamente o Taheb. Não há outro, e, portanto, não haveria porque a mulher se surpreender no 29, se já havia percebido no 19 que Jesus era supostamente um profeta. 

  

E Jesus não cumpriria os requisitos samaritanos para ser o Taheb, assim como também não cumpre as profecias messiânicas do Tanach. 

  

Pretensão Excessiva 

  

“E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito. Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.” (João 4:39-40) 

  

O autor do evangelho de João peca aqui, num sexto erro, por ter pretensões excessivas. Se tivesse limitado seu relato à mulher, seria talvez possível alegar ignorância ou mesmo uma profunda judaização da samaritana, mesmo que improvável, dada a insistência a ela atribuída pela mesma narrativa na diferenciação entre judeus e samaritanos. Porém, o autor passa à tese deveras ambiciosa de que muitos samaritanos teriam crido nele. 

  

Ora, caro leitor, observe a proposta: Samaritanos, cuja rivalidade com os judeus era enorme, jamais creram em qualquer um dos profetas judeus, mesmo com todas as profecias precisas sobre o Reino do Norte, e que não aceitavam nem acreditavam em judeus operadores de milagres e/ou adivinhações (tanto o NT quanto Josefo afirma que tais pessoas existiam), e que não só não criam na existência de uma figura messiânica, como ainda por cima rejeitavam frontalmente a dinastia davídica, que era por eles considerada a principal responsável pela mudança do local sagrado de culto. 

  

Esses mesmos samaritanos aceitariam um judeu, suposto descendente de David, como seu messias, abdicando completamente de suas crenças e aceitando desprezar um dos Dez Ditos (ou “Dez Mandamentos”) de sua Torah, simplesmente porque ele adivinhou que a mulher não era casada, ou porque trouxe mensagens com belas palavras? Vale ressaltar que o próprio Tanach, seja nos profetas, nos salmos, ou nos provérbios, possui palavras bem mais belas do que as relatadas no referido evangelho. 

  

Para que o leitor tenha ideia do tamanho do empreendimento, seria como se um bispo católico convencesse muitos pentecostais de que ele é o líder a ser seguido, e ao mesmo tempo os convencesse a abdicar de suas crenças e adotar o catolicismo. 

  

Para que isso ocorresse, seria necessário um milagre sobrenatural tamanho que certamente mereceria grande destaque na narrativa evangelística, e não poderia ser atribuído unicamente a uma argumentação intelectual, como o evangelho faz. 

  

A única forma de imaginar que isso seja possível seria apelar para o argumento a partir da ausência. Isto é, imaginar que os principais argumentos de Jesus, ou o grande milagre do convencimento sobrenatural, estão de alguma forma ausentes do relato de João. 

  

Considerando, porém, o que isso representaria para um judeu do primeiro século, ou mesmo as possíveis implicações proféticas de algum tipo de acordo entre Yehudah (Judá) e e Efrayim (Efraim), já seria muito estranho que a isso não se dedicasse páginas e páginas. 

  

Em suma, seria preciso alimentar uma grande criatividade a partir de um enorme desejo de querer justificar o texto para minimizar tal ausência. 

  

E mesmo se admitíssemos isso, porque ainda hoje existem samaritanos?  

  

O Salvador do Mundo 

  

“E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.” (João 4:42) 

  

O último erro está na ideia de um salvador do mundo. Essa ideia já seria bastante incomum no Judaísmo, uma vez que o conceito de salvação no Tanach não está associado ao perdão dos pecados, nem a algum tipo de transformação espiritual, mas sim ao livramento do perigo. O conceito de uma salvação espiritual é gnóstico em sua origem, e parte da ideia, derivada do dualismo platônico, de que o corpo mortal é uma prisão para o espírito. 

  

Na ausência dos escritos proféticos, a escatologia samaritana é ainda mais simples. Segundo Sedaka, os samaritanos não acreditam sequer numa batalha apocalíptica. Os samaritanos crêem que os espíritos daqueles que morrem vão para o mundo dos espíritos e que aqueles que viveram uma vida reta serão ressuscitados no fim dos tempos, enquanto os que não são retos simplesmente não ressuscitarão. 

  

A crença samaritana também pode ser vista no Malef, importante tratado teológico samaritano da Idade Média: 

  

“No Dia da Vingança quando ele diz, ‘Agora vede…’ tudo que foi apontado será revertido para o que era quando foi criado pela primeira vez a partir do nada. E voltará novamente uma segunda vez do nada, após se tornar pó. Em um momento, retornará à condição anterior no mundo e todos os mortos se levantarão do pó vivos; e verão a glória do Eterno, em Sua glória, e ouvirão Sua grande voz.” (Malef – sobre a ressurreição) 

  

De fato, considerando que os samaritanos utilizam unicamente a Torah e suas tradições como fonte teológica, seria estranho que uma ideia que sequer é judaica em sua origem fosse por eles compartilhada. 

  

Em outras palavras, se já não havia espaço na teologia samaritana para um messias davídico, muito menos ainda há para a figura de um salvador da humanidade. 

  

 

Tipologia com personagens do velho testamento 

  

O autor claramente tenta fazer uma tipologia entre os personagens do velho testamento, os patriarcas que encontraram suas esposas, mulheres estrangeiras, junto a um poço, a diferença é que eles se casaram com elas: 

  

“E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacó, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe. 

E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz e chorou” 

  

Gênesis 29:10,11 

  

E temos também uma história parecida de Khrina e uma mulher no poço 

  

“e repente Krishna começou a se sentir sufocado e pediu que Narada fosse buscar um pouco de água para ele. Então Narada saiu em busca da água e  logo avistou um poço. Lá havia uma moça. Ele foi pegar a água, mas olhou para a moça que era muito bonita. Ele perguntou a ela: “eu posso pegar água neste posso?” E ela disse: “claro!”. 

  

Ali ele se encantou e então não conseguia mais tirar ela de sua mente. Foi tão intenso o encantamento que ele foi atrás dela e quando eles chegaram na vila, lá estava o pai dela esperando. “O que você quer forasteiro?”, disse o homem para Narada. Então ele disse que queria se casar com a filha dele. Ele respondeu: “casar com a minha filha significa assumir responsabilidades. Eu já sou um homem velho, logo deixarei este corpo. Se você quer casar com minha filha você vai ter que assumir meu trabalho, esta é a condição”. Narada pensou: “só isso para casar com aquela Deusa? Ok, aceito“!” 

  

Conclusão 

  

Como se pode perceber, o relato da suposta conversão da mulher samaritana no evangelho de João é desastrosamente equivocado, e indica que o conhecimento do autor sobre a comunidade samaritana ou a sua fé se restringia a um saber extremamente superficial sobre a rivalidade entre o monte Moriá e o monte Guerizim como local de culto. 

  

Certamente que tal narrativa não poderia ser obra de um judeu do primeiro século que tenha tido algum contato com a comunidade samaritana. E ninguém melhor do que os próprios samaritanos para esclarecerem a verdade dos fatos sobre sua história e crenças. 

  

Agradecimentos ao A. B. Institute of Samaritan Studies, pela fonte das informações aqui utilizadas (à exceção do texto do Malef) 

  

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