quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Evangelho de João 4- Contradições com os sinóticos

SÍNTESE 6 DEMONIZAÇÃO DOS JUDEUS 

O evangelho de João é com certeza o mais anti semita dos quatro, retratando os judeus como loucos assassinos dispostos a matar aquilo que eles mais esperavam, o messias. Patético e desarmônico com a história secular que mostra que haviam várias seitas no primeiro século e nunca foram perseguidas ou mortas pelos judeus. Mas para João os judeus são loucos assassinos: 

 

“Ora, os judeus procuravam-no na festa, e diziam: Onde está ele? E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo. Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus 
 
João 7:11-13 

 

“Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga 
 
João 9:22 

 

“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadoresmas as ovelhas não os ouviram 
 
João 10:8 

 

“Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem 
 
João 11:53 

 

“Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem 
 
João 11:57 

 

“E muita gente dos judeus soube que ele estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos. E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro;” 
 
João 12:9,10 

 

Demonização de Judas 

TIPOLOGIA- Na história de Israel, Jacó teve doze filhos e um também chamado Judá. E Judá é quem tem a Idea de vender José para os Midianitas: 

  

“Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão e escondamos o seu sangue? Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram” 

  

Gênesis 37:26,27 

  

E Judas vende Jesus por trinta moedas de prata: 

  

“E disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata” 

  

Mateus 26:15 

  

E como de Judá é que se originou a maioria do povo hebreu, os judeus, então Judas vendeu Jesus como Judá vendeu José, ou seja, não se pode confiar nos judeus. 

E Judas trai Jesus com um beijo para identifica-lo: 

  

“E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o" 

Mateus 26:48,49 

 

Mas o próprio Jesus diz que estava com eles o tempo todo, ou seja, não teria a menor necessidade de os fariseus pagarem trinta moedas de prata para Judas identificar alguém que estava com eles o tempo todo: 

  

“Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes 

Mateus 26:55 

  

 

E quando chega no quarto evangelho nem beijo tem: 

  

“Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles. Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra. Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes;” 

  

João 18:3-8 

  

O quarto evangelho inclusive é o que demoniza mais Judas: 

 

“Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava 
 
João 12:6 

 

“E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse” 
 
João 13:2 

 

“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo 
 
João 6:70 

 

“Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa” 
 
João 13:26,27 

 

Depois o autor atribui a judas uma queixa que segundo os sinóticos veio de seus discípulos 

 

                        Mateus 

                   João 

os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício? Pois este ungüento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres. 
 
Mateus 26:8,9 

Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? 
 
João 12:4,5 

 

 

Judas parece ser fabricado para aumentar o estigma negativo contra os judeus, os judeus são maus, assassinos e traidores. 

 

Em contrapartida Pilatos é miniminzado nos evangelhos em detrimento dos judeus. Os evangelhos são talvez as únicas fontes menos hostis que citam Pilatos (com exceção de Lucas 13:1). 

  

Fílon de Alexandria culpa Pilatos pelas "mortes incontáveis e continuas". Fala também de certos escudos dourados com o nome do imperador os quais fez colocar no Palácio de Herodes em Jerusalém. 

  

Flavio Josefo fala-nos sobre o episódio no qual Pilatos teria entrado em Jerusalém portando a efigie do imperador, causando grande tumulto entre os judeus. No mesmo livro, Josefo menciona ainda outro feito, segundo o qual Pilatos teria se apropriado dos tesouros do Templo para financiar um aqueduto. 

  

Em 35 d.C. Pilatos trucidou um grande número de samaritanos, os quais, consequentemente, protestaram ao seu superior, Vitélio, legado provincial da Síria, que destituiu Pilatos e o enviou a Roma para se desculpar com o imperador. 

  

Eusébio de Cesareia, em sua História Eclesiástica, afirma que Pilatos caiu em desgraça junto do imperador romano Calígula e cometeu suicídio por volta do ano 37 d.C.. 

 Por outro lado, não se sabe ao certo como ocorreu sua morte mesmo porque, conforme o apócrifo do Novo Testamento "Atos de Pilatos" (também conhecido como "Evangelho de Nicodemos", escrito provavelmente no séc. IV) a responsabilidade sobre a condenação de Jesus recai sobre os judeus e o papel de Pilatos é minimizado.  

Por causa de tal escrito, nas igrejas Ortodoxa e Ortodoxa Etíope ocorreu uma reabilitação de Pilatos, conduzida ao ponto de sua canonização pela Igreja Etíope e a canonização de sua esposa (Santa Prócula) por ambas. Neste mesmo texto aparece o nome Longino como sendo o oficial romano que perfurou o flanco de Jesus na Cruz com a Lança do Destino. 

  

Ou seja, O Pilatos tirano da vida real, torna-se um bom homem na narrativa dos evangelhos que faz de tudo para libertar Jesus e a culpa cai toda sobre os judeus. Sendo que na vida real Pilatos pouco se importaria com a condenação de um judeu a mais. Ele foi destituído inclusive por isso, pelo excesso de maldades. Mas os evangelistas o retratam como bom e piedoso. Lucas vai mais além e coloca Heródes também como um homem bom e que se apieda de jesus. A maior pista de que isso é uma construção é o fato de que o escarnecimento feito pelos soldados de Pilatos, Lucas diz que foram os soldados de Heródes. 

 

Pilatos em tamanha bondade oferece a soltura de um preso no lugar de jesus o que não era comum segundo a história secular e os evangelhos divergem sobre de quem era esse costume. 

No fim os judeus acabam por escolher libertar Barrabás. No caso do relato de João, até poderia ser possível, pois Barrabás é declarado como um simples ladrão. No caso de Marcos e Lucas, não seria nada provável o governador romano libertar um agitador e assassino. O autor de Mateus provavelmente apercebeu-se disso e, portanto, omite que Barrabás seria um agitador e assassino, qualificando-o apenas como um “preso notório”. 

 

SÍNTESE 7 CONTRADIÇÕES COM OS SINÓTICOS 

O Evangelho de João tem uma estrutura e doutrina completamente diferentes dos evangelhos sinópticos. Em João não encontramos nenhuma das parábolas que enchem as páginas de Marcos, Mateus e Lucas. 

  

A vida pública de Jesus, nos sinópticos parece ter durado apenas alguns meses, enquanto a narrativa de João estica esta duração para cerca de três anos. Em João, Jesus não efetua exorcismos, mas as suas ações miraculosas de curas e ressurreições são presenciadas por grandes ajuntamentos populares. 

  

Nos outros evangelhos, grande parte do ensino de Jesus é feito em privado. Em João, a maior parte do ensino é realizado em público. João Baptista é quase protagonista 

 

No Evangelho Segundo João existem mais passagens relativas a João Baptista do que nos sinópticos, mas nenhuma das passagens menciona que Jesus foi batizado por aquele. Muitas das passagens são inconsistentes face ao relatado nos sinóticos. 

 

João Batista era o Elias? 

                       Mateus 

                        João 

E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 

  

Mateus 11:12-14 

  

E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista. 

  

Mateus 17:10-13  

E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? 

E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. 

E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não. 

Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? 

  

João 1:19-22 

 

. 

Uma outra situação curiosa relatada no Evangelho de João é aquela que indica que Jesus e João Baptista andavam a batizar cada um por seu lado, como se fossem rivais: 

“Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judeia, onde se demorou com eles e batizava. Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ía e se batizava. Pois João ainda não fora lançado no cárcere. Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele” 

João 3:22-26 

  

Ora, se João Batista acreditava na missão de Jesus porque é que continuou, por conta própria, a sua atividade de batizador? 

  

No Evangelho Segundo João, em duas passagens distintas, João Baptista negou ser o Cristo: 

João 1:19-20 E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo 

 

João 3:27-28 Respondeu João: ... Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. 

  

Isto indica que o autor quis deixar claro que João Batista não era o Cristo. A explicação desta preocupação do autor é que, provavelmente, existiriam muitas pessoas, entre os seus potenciais leitores, que criam que João Batista era o Cristo. Estes crentes seriam... cristãos, mas sem Jesus Nazareno! 

  

Mesmas passagens 

João narra algumas passagens semelhantes aos sinóticos mas com diferenças. 

  

Cura de um servo: 

  

             Mateus  

              Lucas 

                João 

E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. 

Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz. E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. 

Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; 

E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 

Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou. 

  

Mateus 8:5-13 

E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum. E o servo de um certo centurião, a quem muito estimava, estava doente, e moribundo. E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo. E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto, 

Porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado. E por isso nem ainda me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz. 

E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé. E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo. 

  

Lucas 7:1-10 

Segunda vez foi Jesus a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. 

Ouvindo este que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque já estava à morte. Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis. Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho morra. Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e partiu.E descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive. Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E disseram-lhe: Ontem às sete horas a febre o deixou. Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa. 

Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judéia para a Galiléia. 

  

João 4:46-54 

 

                                             

Dois episódios diferentes? Ou a mesma história narrada diferente? 

  

 

A mulher do vaso: 

 

Marcos conta um relato de uma mulher com um vaso de alabastro. Lucas conta estranhamente duas passagens semelhantes. E João destoa: 

  

   Marcos    

     Mateus 

     Lucas 

    Lucas 

      João 

E, estando ele em betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com ungüento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça. 

E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdício de ungüento? 

Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. 

Jesus, porém, disse: Deixai-a, por que a molestais? Ela fez-me boa obra. 

Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes. 

Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. 

Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado para sua memória. 

  

Marcos 14:3-9 

E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, 

Aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com ungüento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa. 

E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício? 

Pois este ungüento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres. 

Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo. 

Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. 

Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. 

Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua. 

  

Mateus 26:6-13 

E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. 

E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; 

E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento. 

Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora. 

E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. 

Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. 

E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? 

E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. 

E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça. 

Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. 

Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento. 

Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. 

E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados. 

E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? 

E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz. 

  

Lucas 7:36-50 

E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. 

Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. 

E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; 

E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. 

  

Lucas 10:38-42 

Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a betânia, onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos. 

Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 

Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. 

Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: 

Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? 

Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava. 

Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto; 

Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes. 

  

João 12:1-8 

 

        

  

Diferenças 

  

 

Marcos  Mateus  

Lucas 7 

Lucas 10 

João 

Local 

Betânia 

 

Certa aldeia 

Betânia 

Casa 

De Simão, o leproso 

De um fariseu chamado Simão 

De marta e Maria 

De marta e Maria 

O que a mulher fez 

Derramou-lhe óleo sobre a cabeça 

Verteu lágrimas nos pés de jesus, enxugou com o cabelo e deitou óleo nos pés 

Ficou aos pés de Jesus a escuta-lo 

Ungiu os pés de jesus e enxugou com os cabelos 

Quem reclama 

Discípulos 

O fariseu 

Marta 

Judas 

Qual a queixa 

Um desperdício de dinheiro 

Jesus ter tocado numa pecadora 

Maria não estava ajudando nos afazeres 

Um desperdício de dinheiro 

Atitude de Jesus 

Explica que aquele gesto pré anuncia seu enterro 

Defende a pecadora 

Defende Maria 

Explica que aquele gesto pré anuncia seu enterro 

   

Como Lucas narrou duas histórias parecidas envolvendo uma mulher, pode se entender que haviam duas histórias ou duas tradições. João combina estas histórias pois sua história tem elementos de ambas. João diz que foi em Betânia e que um discípulo reclamou como Marco e Mateus, mas diz que foi na casa de marta e maria como em Lucas dez e que a mulher enxugou os pés de jesus com o cabelo como em Lucas sete. 

 

Apóstolos tapados? 

Jesus assim como nos sinóticos anuncia que será traído: 

 

“Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair 
 
João 13:21 

 

Os apóstolos perguntam e diferente dos sinóticos, jesus responde claramente quem seria: 

 

“Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão” 
 
João 13:26 

 

E mesmo assim os apóstolos não entendem: 

 

“E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto. Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. 
 
João 13:27-29 

 

Quando é informado que Lázaro estava enfermo, Jesus diz claramente que ele não iria morrer: 

 

“Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” 
 
João 11:3,4 

 

Mas Lázaro morreu e mesmo isso os apóstolos não entenderam inicialmente: 

 

“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto 
 
João 11:11-14 

 

Ao saber que Lázaro estava enfermo, Jesus não se apressa em ajuda-lo mesmo sendo alguém a quem ele amava e que estranhamente só aparece no evangelho de João: 

 

Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? 
 
João 11:6-8 

 

 

E Jesus só vai até la quando Lázaro já esta morto há quatro dias e cheirando mal: 

 

“Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura 
 
João 11:17 

 

“Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias 
 
João 11:39 

 

O autor coloca a mesma frase na boca das duas irmãs de Lázaro: 

Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 
 
João 11:21 

Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 
 
João 11:32 

 

 

O autor enfatiza também o amor de Jesus por Lázaro, mas nenhum dos sinóticos sequer o menciona: 

 

“Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro 
 
João 11:5 

 

“Jesus chorou. Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava 
 
João 11:35,36 

 

E o curioso é que Jesus já sabia que ele tinha morrido pelas duas irmãs mas só chora quando os outros choraram: 

 

Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vêJesus chorou 
 
João 11:33-35 

 

Lázaro, segundo o quarto evangelho, o de João, é um discípulo que jesus amava, e sempre associado com Marta e Maria. Jesus ressuscita Lázaro, de acordo com João, mas, Lucas mencionou um tal de Lázaro mas em uma parábola também. E Lucas mencionou Marta e Maria, mas nunca cita Lázaro, sendo que se era um discípulo que Jesus amava é estranho: 

                       Lucas 

                      João 

E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; 

  

Lucas 10:41 

E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. 

  

Lucas 24:10  

E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão. Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 

  

João 11:19-21 

 

                     

 Marcos e Mateus também não mencionam Lázaro. Mas Lucas conhecia um tal de Lázaro, mas não real, mas o personagem de uma parábola de Jesus que em certos pontos tem uma similaridade ou outra com o de João: 

Compare Lucas 16, 19-31 com João 11 

 

                 Lázaro de Lucas 

                 Lázaro de João 

Um certo mendigo chamado Lázaro 

Um certo Lázaro 

Vivia enfermo com chagas 

Estava enfermo 

Morreu e foi para o seio de Abraão 

Morreu e ficou quatro dias no sepulcro 

O rico pede a ressurreição de Lázaro 

Jesus ressuscita Lázaro 

Abraão adverte que os judeus não acreditariam mesmo se Lázaro ressuscitasse 

Os judeus segundo João não acreditaram em jesus mesmo com ressurreição de Lázaro 

                                     

  • Será que João transformou uma parábola em um evento real? 

   

O autor descreve um Jesus estranho que faz pegadinhas e questiona o tempo todo seus apóstolos como se fosse inseguro: 

 

“Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? 
Mas dizia isto para o experimentarporque ele bem sabia o que havia de fazer 
 
João 6:5,6 

 

“E, achando-o no outro lado do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Jesus respondeu-lhes e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou” 
 
João 6:25-27 

 

Tretinha com os seguidores 

Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar” 
 
João 6:64 

 

Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? 
 
João 6:66 

 

“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo” 
 
João 6:70 

 

Fora que segundo João os discipulos de Jesus eram originalmente seguidores de João, o que demonstra uma inferiorização de João em detrimento a Jesus. 

 

Narrativa falsa de João? 

João narra em seguida que jesus expulsou os vendedores do templo, como os sinóticos, mas ai ele narra uma discussão acerca do templo: 

 

“Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal nos mostras para fazeres isto? Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo. 
 
João 2:18-21 

Só que esta discussão que João narra, segundo Marcos o evangelho mais antigo, isso eram acusações falsas: 

 

“E os principais dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam. Porque muitos testificavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não eram coerentes. E, levantando-se alguns, testificaram falsamente contra ele, dizendoNós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens. E nem assim o seu testemunho era coerente” 
 
Marcos 14:55-59 

 

Jesus não queria ser rei? 

“Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte” 
 
João 6:15 

 

A ORAÇÃO 

Segundo os sinóticos, Jesus antes de ser preso vai a um lugar chamado Getsêmani onde ele se angústia e ora: 

  

              Marcos 

             Mateus 

            Lucas 

E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro. E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres. E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras. 

E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados, e não sabiam o que responder-lhe. E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai. Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. 

Levantai-vos, vamos; eis que está perto o que me trai. 

  

Marcos 14:32-42 

Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. 

E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. 

E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. 

E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados. 

E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai. 

  

Mateus 26:36-46 

E, saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, 

Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão. E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza. E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação. 

E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar. 

  

Lucas 22:39-47 

 

                

Os sinóticos não destoam muito em suas narrativas, parecem até copiados uns dos outros. Só Lucas que acrescenta que um anjo o fortalecia e que seu suor era como gotas de sangue. Mas o estranho dessa narrativa é quem testemunhou o que Jesus dizia se segundo os três os apóstolos estavam dormindo e logo em seguida Jesus foi preso? 

  

E segundo João ainda teve um hino cantado por jesus e seus apóstolos. Na verdade João estende a narrativa por mais uns quatro capítulos e meio (João 13:31 - João 17:26), da ceia até a prisão de Jesus com muitos ensinamentos do mesmo. Marcos, Mateus e Lucas não sabiam disso? Omitiram de propósito? 

  

Porque João relata N ensinamentos e mensagens de jesus e os sinóticos apenas uma breve oração repetida três vezes? 

  

A Prisão 

              Marcos  

            Mateus 

              Lucas 

E logo, falando ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas e dos anciãos, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus. Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança. E, logo que chegou, aproximou-se dele, e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-o. E lançaram-lhe as mãos, e o prenderam. E um dos que ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe uma orelha. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Saístes com espadas e varapaus a prender-me, como a um salteador? Todos os dias estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes; mas isto é para que as Escrituras se cumpram. Então, deixando-o, todos fugiram. 

  

Marcos 14:43-50 

E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. 

E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o. 

Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. 

E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. 

Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram. 

  

Mateus 26:47-56 

E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar. E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem? E, vendo os que estavam com ele o que ia suceder, disseram-lhe: Senhor, feriremos à espada? E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. E, respondendo Jesus, disse: Deixai-os; basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou. 

E disse Jesus aos principais dos sacerdotes, e capitães do templo, e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus? Tenho estado todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas. 

  

Lucas 22:47-53 

 

 

                

“Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos. E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos. Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles. Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra. Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes; Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi. Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu? Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram” 

  

João 18:1-12 

  

Marcos o relato mais antigo é mais simples. Segundo Mateus Jesus indaga a Judas a que veio e segundo Lucas Jesus sabia muito bem a que Judas veio. Segundo João nem teve beijo e nem traição pois o próprio Jesus se entrega. Cadê o beijo de Judas em João? 

Marcos e Mateus dizem que um dos discípulos feriu a orelha do servo do sumo sacerdote. João até o identifica como Malco. João diz que este foi Simão Pedro, o que os três evangelistas anteriores não notaram!!! 

Marcos omite qualquer repreensão desta atitude por jesus. Mateus e João corrigem e diz que jesus repreendeu o apóstolo. Lucas vai mais além e diz que Jesus curou a orelha ferida do apóstolo. Talvez porque o relato de Marcos ficou muito grosseiro. 

João omite a fala de jesus questionando o porquê lhe prenderam naquele momento mesmo tendo escrito uns quatro capítulos e meio de falas de Jesus. Talvez porque não faria sentido uma traição e uma identificação com um beijo se o próprio jesus diz que estava com eles o tempo todo publicamente. Lucas tenta dar uma explicação dizendo que era a hora das trevas. 

 

Conclusão 

Diferenças da paixão e crucifixão já foram mencionadas em detalhes na série análise crítica e não é o foco deste trabalho. O fato é que João destoa dos sinóticos, cria narrativas próprias e confusa, discursos redundantes e uma divinização de Jesus e demonização dos judeus. 

 

O autor não foi testemunha ocular e criou sua própria narrativa baseado em concepções já do segundo século. Isso demonstra também uma evolução teológica, de um Jesus humano do primeiro evangelho a um Jesus semi deus do quarto.  

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